terça-feira, 20 de abril de 2010

A fórmula da trapaça

O Partido dos Trabalhadores, quando surgiu, dizia que seria um partido diferente. Aliás, o seu único propósito explícito era o de ser diferente, sem dizer, contudo, em que consistiria essa tal diferença. Somente após chegar ao governo foi que podemos descobrir a originalidade do PT, que seria, tão somente, “a formula da trapaça”. Em que consiste tal fórmula? A bem da verdade, ela não é nova, já foi experimentada ou levada à pratica, por grandes populistas como foram Juan Perón na Argentina e Getúlio Vargas no Brasil. A essência da trapaça consiste em assegurar aos banqueiros e aos grandes capitalistas, nacionais e internacionais, segurança e lucros, enquanto o governo populista administra as tensões sociais praticando políticas compensatórias para a massa do povo mais desprovido, ao mesmo tempo que engessa as centrais sindicais e centrais estudantis, submetendo-as ao silêncio e ao imobilismo.

Por essa razão é que a burguesia, particularmente os banqueiros e empreiteiros, enchem os cofres do PT com generosas doações. E, como temos repetidamente dito, não é com os políticos ideológicos dos partidos de direita que o governo petista procura se harmonizar. Muito pelo o contrário, o partido dito dos trabalhadores, pratica uma estreita comunhão com que existe de pior entre os políticos fisiológicos da velha burguesia, como são Paulo Maluf, Oreste Quércia, José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Calheiros e outros tantos tipos desse mesmo naipe.

A trapaça tem sido muito boa para os negócios da burguesia e tem semeado ilusões no seio das massas populares como evidencia os altos índices de aprovação ao governo petista. Caberiam as organizações que se reivindicam de esquerda fazer uma veemente denúncia desses fatos. Porém, partidos como PC do B, PSB, e o próprio PT tornaram - se partidos da ordem capitalista e, portanto, elementos de sustentação dessa vergonhosa trapaça. Em troca dos seus prestimosos serviços lhe são reservados milhares de cargos “em comissão” no vasto aparelho de Estado. Isso é simplesmente imoral.

Um comentário:

  1. Inevitável recordar Brizola. Nessas horas sempre aparece um pedaço da "esquerda que a direita adora". A questão de fundo é saber se Lula foi ou não cooptado. Concordo que não é, de fato, a melhor perspectiva, há contradições que não são superadas, visões erradas como a que acaba de tornar redivivo o discurso da remoção nos espaços populares aqui no Rio, mas, por outro lado, há ações na direção de reformas estruturais que, infelizmente, conforme descrito no artigo recente de Wladimir Pomar no Correio da Cidadania, ainda dentro dos limites do capitalismo dependente. De fato, a incorporação ao mercado de milhões de excluídos, através do blosa família e do crédito popular, constitui o asproveitamento do "exército industrial de reserva", típico de um país continental, de população excedente, em condições de permitir o desenvolvimento de todas as modalidades de capital sem conflitos de disputa pela exploração da mais valia. Eu também gostaria de uma revolução que nos levasse direto ao socialismo. mas, na ausência da solução correta, a candiidatura de Plínio não encaixar-se-ia naquilo com que iniciei este comentário, relativamente ao que dissera Brizola; não seria a candidatura Plínio a "esquerda que a direita adora"?
    Um abraço
    Antônio Máximo
    Vila Isabel - RJ

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