sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A festa dos inocentes

Parodiando Herbert Marcuse, poderíamos afirmar que a massa do povo, incluindo-se, é claro, a tão falada massa proletária, se encanta com pequenos ganhos obtidos no seu dia-a-dia, sejam esses ganhos fruto de sua luta ou obtidos como dádiva “generosa” dos senhores do poder.
Um diminuto espaço para morar, uma geladeira, um freezer, uma TV LCD e, (suprema felicidade!) um automóvel, são elementos suficientes para levar as camadas populares ao conformismo e à fácil cooptação política pela classe ora dominante.
Tal comportamento das massas populares não é próprio apenas do Brasil, e sim, de todos os recantos do mundo. Aqui, tivemos o exemplo patente do populismo lulo-petista, oferecendo ao capitalismo a paz social para que pudesse usufruir grandes lucros sem nenhuma ameaça.
Respeitando os pilares fundantes da política econômica implantada pelo Plano Real, o lulo-petismo teve condições de implementar algumas políticas sociais que implicaram em pequenas melhorias na condição de vida das massas e isso tem sido razão para que elas levem a cabo a festa dos inocentes que, pelo que tudo indica, se expressará na vitória eleitoral da candidata Dilma Rousseff, no próximo dia 31 de outubro do ano em curso, ou seja, 2010.
Não percebe o povo, incluindo-se, como já foi dito, a massa proletária, que ele tem direitos históricos muito maiores do que as migalhas que lhe são ministradas pelo sistema capitalista no Brasil através do governo lulo-petista. Não percebe, que do ponto de vista histórico, tem o povo o direito supremo de libertar-se dos grilhões de um sistema cuja alma é a busca incessante de lucros e foi, justamente o lucro, medula do capitalismo, que foi assegurado à burguesia, nesses últimos anos, especialmente na gestão petista, que tão bem se aproveitou o velho sistema.
Diante desses fatos, resta-nos a nós, socialistas revolucionários, a tarefa de despertar as massas populares de sua inocência e nunca acalentar suas fantasias como tem feito o PT, o PCdoB e o PSB que funcionam como o braço esquerdo do sistema.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tropa de elite 2

Assistimos ao filme “Tropa de elite 2” e recomendamos, com veemência, que este filme seja visto por todo o povo brasileiro. Nele são expostas as vísceras apodrecidas do sistema, destacando-se a corrupção e a violência que correm soltas pelas entranhas dos órgãos policiais e governamentais, de modo geral.

Por vias travessas, têm-se a oportunidade de se ver os níveis de miséria e abandono a que são submetidos milhões de brasileiros forçados a viverem em condições desumanas nas inúmeras favelas do Brasil, particularmente, nas favelas do Rio de Janeiro. Por seu turno, vê-se a hipocrisia dos discursos oficiais e oficiosos quando tratam das mazelas sociais dentre elas a questão do banditismo reinante. Tudo ou quase tudo de podre é ostentado de forma competente e corajosa pelo aludido filme. Porém, é necessário evidenciar que os autores dessa obra não souberam dar o verdadeiro nome aquìlo que eles, insistentemente, chamam de: o sistema.

Na colocação feita parece ser o sistema algo sobrenatural. Mostram apenas as suas garras. É preciso dizer que o tão denunciado sistema tem nome e tem cara. O seu nome é CAPITALISMO e ele tem duas faces: a face “boa”, a que confere à burguesia, aos ricos, conforto e privilégios; a face má, aquela que semeia a fome, a miséria, as favelas, a corrupção, a violência, o desemprego, que punem cruelmente a imensa massa popular. Capitalismo, repetimos, é o nome do sistema que o coronel Nascimento tanto denuncia com compreensiva revolta e sentimento de impotência. Na verdade, cada um de nós, seja individualmente ou em reduzidos grupos, não teremos força para desmantelar o sistema capitalista e construir uma nova ordem econômico-social pautada na igualdade, na justiça e na paz. Somente uma força é capaz de destruir o monstro capitalista responsável por bilhões de pobres e miseráveis e por tantas mazelas sociais. Essa força única é a força do povo consciente e, assim sendo, cabe aos poucos informados, dizer para todos o verdadeiro nome do nosso inimigo: o CAPITALISMO.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Entre o péssimo e o pior

O processo eleitoral, nesse segundo turno, nos coloca diante de uma situação deplorável. O nível político caiu ao rés do chão. Brotou com todo vigor um estapafúrdio fundamentalismo religioso de feição medieval. Os dois candidatos se apressam em se mostrar contritos beatos num gesto de deslavado oportunismo. Ao invés de se usar o processo eleitoral para a elevação do nível político das massas populares o que se observa é a capitulação, o agachamento aos atrasos e aos preconceitos das massas despolitizadas, desinformadas, e isso é profundamente lamentável.

Temos dito, com a devida insistência, que a participação dos verdadeiros socialistas nos processos eleitorais no âmbito do capitalismo tem propósitos tão somente táticos pois, seguramente, não será por essa via que o povo trabalhador, a dona de casa, os explorados e oprimidos hão de desmantelar o poder burguês e construir um verdadeiro poder popular. Sendo a participação dos verdadeiros socialistas, de natureza tática, resta responder ao seguinte questionamento: Qual das duas candidaturas poderá ser pior para os nosso objetivos estratégicos? A direita explícita, representada por José Serra ou a direita travestida de esquerda, representada por Dilma Rousseff? Desse questionamento poderá florescer uma outra saída, a saída do voto nulo. Ora, essa saída implica em dizer que não existe a mínima diferença entre um e outro candidato mas, tão somente, semelhanças. Mas será essa saída a melhor? Terá ela realmente os fundamentos que se pretende? Não há diferença entre o explícito e o simulado? Em qual dos dois governos teríamos maiores possibilidades de praticar ações de oposição?

Diferente das questões de princípio que exigem apenas serem fundamentadas as questões de natureza tática, não nos fornecem, necessariamente, elementos de convicção. Por tal razão é que devemos ser inflexíveis nos princípios, porém, abertos às questões de natureza tática. Tornar livre a discussão das questões táticas é permitir uma saudável vida política.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lição esquecida

Nos idos de 1848, os jovens Karl Marx e Friedrich Engels vieram a público com o famoso Manifesto Comunista e ali disseram, com todas as letras, que a história da humanidade é a história da luta de classes. Tal princípio, fartamente demonstrado como verdadeiro, foi estupidamente revogado pelo stalinismo. Assim, todos os chamados Partidos Comunistas passaram a defender a esdrúxula tese de que o eixo da luta política era a contradição: nações opressoras e nações oprimidas. Inclusive esse conceito, por si, totalmente infundado, sofreu um rebaixamento maior quando, esse mesmo stalinismo passou a desconhecer os imperialismos inglês, japonês, alemão, francês... para centrar seu discurso, tão somente, no “inimigo principal” o imperialismo ianque. Atirados na cesta do lixo os princípios do socialismo científico foi eleito o nacionalismo como a principal bandeira, e não mais se falou em luta de classes. Ora, como a nossa esquerda convencional, de diversas matizes, tem como fonte formadora o stalinismo e os seus dogmas, fincou pé na tese da luta de libertação nacional contra a opressão do imperialismo ianque. Tal desvio chega ao cúmulo de se ver fascistas como Marmud Armadinejad e Bin Laden, serem considerados parceiros de um anti-americanismo obtuso, pois deixa de registrar que, nos Estado Unidos, existem classes e camadas sociais, e tudo e todos recebem o carimbo de imperialistas ianques. Quem mais levou a fundo essa visão tão estreita e distorcida foi, sem dúvida, o Sr. Fidel Castro. Nacionalista empedernido, reduziu todos os seus discursos, nesse meio século, a denunciar o nefasto imperialismo ianque, porém, nenhuma palavra é dita, nenhum apelo é dirigido aos trabalhadores, aos espoliados e oprimidos daquele país. Projeção dessa limitação política que troca a luta de classes pelo nacionalismo, vê-se nos casos de Hugo Chaves, Rafael Correia e Evo Morales que se tornaram “vanguarda” na luta pela emancipação nacional, fato louvável, porém insuficiente considerando-se os interesses emancipatórios da humanidade.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Em defesa da vida

Está em andamento a discussão sobre o aborto. Infelizmente ela não transcorre de modo honesto. Criam-se movimentos que levantam a bandeira de defesa da vida, insinuando, maldosamente, que quem se coloca pela legalização do aborto estaria atentando contra a existência humana. Ora, ninguém em sã consciência, poderia se colocar contra a vida. Em princípio somos todos contra o aborto, como somos contrários à amputação de uma perna ou de um braço. A questão, portanto, não é dividir a opinião pública em duas grandes correntes: os que são a favor da vida e os que atentam contra ela. Esse dilema é falso, é desonesto e não seria, a rigor, tão cristão, pois escamoteia a verdade.
Quando se defende o aborto assistido, pretende-se evitar a hipocrisia e defender a vida de milhares de mulheres pobres que, por várias razões, são levadas a esse extremo. Legalizar o aborto é evitar a carnificina que se pratica diuturnamente contra a mulher desprovida de recursos, quando são submetidas a incursões nada profissionais dos charlatães do ofício. É, sim, uma atitude humanitária que se quer levar a cabo superando a hipocrisia reinante por conta de uma cultura que, há milênios, está a serviço do atraso, do obscurantismo e da injustiça social. Caso na verdade esses senhores e piedosas senhoras, que se arvoram defensores da vida, quisessem realmente lutar por ela, deveriam serrar fileiras na luta explícita contra o capitalismo, esse, sim, destruidor de vidas. Mas como o problema é esse, nenhum protesto, nenhum murmúrio. Aliás, a nossa milenar cultura se omite diante da questão maior e desvia as atenções para os efeitos, escamoteando as causas e investindo na salvação de suas almas. Diante da fome, organiza-se uma sopinha. Diante do frio, faz-se uma campanha pelo cobertor. Diante das drogas, salvam-se uns poucos através da dança, da música, do trabalho manual e das orações. Termina-se praticando o varejo, quando necessitamos combater no atacado, denunciando o capitalismo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Qual diferença?

Assisti atentamente ao debate pela TV Bandeirantes entre os candidatos Dilma Rousseff e José Serra à Presidência da República. Não vi a menor diferença entre os dois discursos. Ambos defendem, de forma exacerbada, o continuísmo cuja matriz é o Plano Real implantado pelo presidente Itamar Franco em 1994. Essa política econômico-financeira tem como tripé o controle rigoroso da inflação, o câmbio flutuante e o superávit primário. Para os citados candidatos não existem classes e camadas sociais com interesses conflitantes e até antagônicos. Para eles, fiéis políticos do sistema, existe, tão somente, o Brasil, e tentam passar a idéia de que os interesses “brasileiros” são interesses de todos, como dizia a propaganda lulista: “Brasil, um país de todos”. Ora, esses discursos tem por objetivo escamotear o fato de que a sociedade é divida em classes com interesses diametralmente opostos e inconciliáveis. O tão zelosamente cultivado, pela burguesia, sentimento patriótico, é uma completa fraude. Tentam, com êxito, esconder do povo que as terras, as minas, as fábricas, os bancos, os transportes, o grande comércio são propriedades da classe burguesa e não de todos os brasileiros. Desmascarar esse discurso é dever de uma verdadeira esquerda, de uma esquerda cujo eixo seja a denúncia sistemática do capitalismo como gerador da desigualdade e das inúmeras mazelas sociais. Porém, é triste registrar que essa verdadeira esquerda representa uma fração diminuta no cenário político e o que predomina é a esquerda direitosa, que há muito renunciou à luta anticapitalista para se transformar em muleta de sustentação de um capitalismo exaurido e predatório. Temos, assim, nesse segundo turno, uma direita versus direita e cabe a nós discutir do ponto de vista tático, entre o ruim e o pior. Mas temos que levar a cabo uma análise política desprovida de preconceitos e escrúpulos e isso não quer dizer que, ao final da discussão venhamos considerar ser a postura mais consequente o voto nulo. Não cabe cercear a discussão e sim, torná-la livre.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Trágico dilema

Os eleitores realmente conscientes de que não devem deixar de participar desse processo político de massa, que são as eleições, experimentam um doloroso dilema nesse segundo turno. Dilma e Serra são duas candidaturas que expressam os interesses da direita, caso seja correto, como conceito de direita, aquela força política que se propõe a dar sustentação ao capitalismo. Serra é a direita explícita, sem rodeios; a Dilma representa a direita travestida de esquerda, porém, tão continuísta em termos de compromisso com o sistema como foi Lula em relação aos governos de Itamar e Fernando Henrique. É bem verdade que existe uma terceira saída, o voto nulo ou em branco, mas é uma saída estritamente moral. Ora, considerando que a participação de um verdadeiro socialista, no processo eleitoral, tem unicamente um propósito tático, resta-nos encarar o momento eleitoral deste ponto de vista e responder a seguinte pergunta: taticamente, quem é mais prejudicial a luta anti-capitalista? Uma direita que possibilitaria que as centrais sindicais e estudantis fossem às ruas, ou uma direita populista que conserva a mesma política econômica e financeira, entretanto, mantém engessado o movimento de massa? Por sua vez, é oportuno observar que a “esquerda”, representada pelo PT, PSB e PCdoB, há muito deixou de lado as bandeiras, ditas de esquerda, e mergulhou no mais puro fisiologismo, perseguindo ganhos e benesses através do aparelho de Estado. Velhos princípios foram às favas e muitos deixaram isso bastante evidente. Basta lembrar a diplomacia do governo Lula que se embrenhou em compadrios com o que existe de mais sanguinário entre os governos africanos. Questionado sobre isso, o governo respondeu: “negócios são negócios”, ou seja, princípios à parte. Agora, para tentar viabilizar a eleição de Dilma, eles subtraíram de suas bandeiras a descriminalização do aborto e a candidata virou beata. Pensemos: qual o pior, uma direita explicita, ou outra travestida de esquerda? Nenhuma nem outra. Mas essa escolha não existe, pois teremos uma ou outra e o voto nulo torna-se inconsequente.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E se for o Serra?

Depois de muita arrogância, a Dilma não logrou vitória no primeiro turno. Haverá, portanto, um segundo momento em que a disputa estará polarizada entre a candidata forjada pelo Lula e o candidato José Serra. Não há diferença substancial entre essas duas candidaturas. Ambas merecem toda confiança do sistema capitalista, pois a ele se propõem servir com toda presteza. Não é por acaso, que a campanha da Dilma Rousseff tem sido alvo das maiores contribuições financeiras, o que faz de sua campanha a mais rica de todas. Mas uma questão se coloca para todos nós que nos propomos a fazer uma reflexão, ou seja, parar para pensar. Será que na hipótese de José Serra presidente as centrais sindicais e estudantis haverão de ser desengessadas? Será que os sindicatos abandonarão o seu comportamento estritamente burocrático e governista, para ganhar as ruas em defesa dos direitos dos trabalhadores e na luta contra o sistema capitalista? Será que haveremos de sair da imobilidade política em que o governo Lula jogou todo o movimento de massa?
Há que pensar! De repente, uma legião imensa de militantes da esquerda convencional, formada pelo PT, PCdoB, PSB poderá se ver na condição de desempregada, o que possibilitará tornar-se insatisfeita e, ai sim, se propor a procurar os trabalhadores, os estudantes, o povo em geral para ganhar as praças e ruas em nome de uma cerrada oposição ao governo direitista do Sr. José Serra.
Cabe pensar. Qual mais prejudicial à causa da libertação dos explorados e oprimidos no sistema capitalista: a direita desnudada ou a direita travestida de esquerda, conforme vem ocorrendo através do governo Lula? Não diz o povo que o pior inimigo é o falso amigo? Não dá pra perceber que, “nunca na história desse país” a burguesia gozou de tantas vantagens, privilégios e, sobretudo, tranquilidade, uma vez que o governo Lula, a preços módicos, logrou cooptar as centrais sindicais e estudantis e, uma massa de miseráveis a troco de migalhas? Direita versus direita é o que teremos. Cabe escolher qual candidato é, taticamente, preferível.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

É preciso participar

Estamos às vésperas de uma eleição. Desta vez, para presidente e vice, governadores e vices, senadores e suplentes, deputados estaduais e federais. Trata-se de um evento político bastante abrangente. Dele, no Brasil, participam mais de cem milhões de eleitores. Apesar de ser um processo político sob o controle da burguesia, não deixa de ser uma oportunidade para que tentemos colocar no debate político a denúncia da verdadeira causa de nossas mazelas sociais, que é o capitalismo, conforme tem sido feito pelo PSOL, PCB, PCO e PSTU.

Pouquíssimos percebem que em nenhum processo eleitoral, seja no Brasil ou em qualquer outro país capitalista, coloca-se em disputa o poder. Não! O que é disputado, no processo eleitoral burguês, é o governo, e existe uma diferença substancial entre governo e poder. Os governos são para gerenciar o próprio sistema capitalista, mesmo que possam predicar essa ou aquela política econômica, contanto que resguardem os fundamentos da economia. Enquanto isso, o poder, o Estado, permanece intocado pelos processos eleitorais e cabe a ele a “sagrada” missão de garantir a manutenção do sistema capitalista.

Sendo o processo eleitoral uma jornada extremamente de massa, é um equivoco, senão uma tolice, praticar o não voto, o voto em branco ou o voto nulo. É preciso enxergar que tais posições nada acrescentam; são, inequivocamente, sem nenhuma consequência política, mesmo que consideremos que o processo eleitoral é de natureza burguesa e que através dele, jamais, os explorados e oprimidos haverão de conquistar a sua libertação.

Concordamos, como já dissemos, que o processo eleitoral é burguês, mas é oportuno atentar para o fato de que a vida corrente é a vida burguesa e, nem por isso, devemos nos negar a dela participar, mesmo sabendo que diuturnamente nossas práticas estão confinadas aos limites do universo capitalista, exceção se faça à atividade política de caráter socialista que se prende a denunciar o sistema na perspectiva da conquista de um novo mundo, um mundo de justiça e paz.