sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Entre o péssimo e o pior

O processo eleitoral, nesse segundo turno, nos coloca diante de uma situação deplorável. O nível político caiu ao rés do chão. Brotou com todo vigor um estapafúrdio fundamentalismo religioso de feição medieval. Os dois candidatos se apressam em se mostrar contritos beatos num gesto de deslavado oportunismo. Ao invés de se usar o processo eleitoral para a elevação do nível político das massas populares o que se observa é a capitulação, o agachamento aos atrasos e aos preconceitos das massas despolitizadas, desinformadas, e isso é profundamente lamentável.

Temos dito, com a devida insistência, que a participação dos verdadeiros socialistas nos processos eleitorais no âmbito do capitalismo tem propósitos tão somente táticos pois, seguramente, não será por essa via que o povo trabalhador, a dona de casa, os explorados e oprimidos hão de desmantelar o poder burguês e construir um verdadeiro poder popular. Sendo a participação dos verdadeiros socialistas, de natureza tática, resta responder ao seguinte questionamento: Qual das duas candidaturas poderá ser pior para os nosso objetivos estratégicos? A direita explícita, representada por José Serra ou a direita travestida de esquerda, representada por Dilma Rousseff? Desse questionamento poderá florescer uma outra saída, a saída do voto nulo. Ora, essa saída implica em dizer que não existe a mínima diferença entre um e outro candidato mas, tão somente, semelhanças. Mas será essa saída a melhor? Terá ela realmente os fundamentos que se pretende? Não há diferença entre o explícito e o simulado? Em qual dos dois governos teríamos maiores possibilidades de praticar ações de oposição?

Diferente das questões de princípio que exigem apenas serem fundamentadas as questões de natureza tática, não nos fornecem, necessariamente, elementos de convicção. Por tal razão é que devemos ser inflexíveis nos princípios, porém, abertos às questões de natureza tática. Tornar livre a discussão das questões táticas é permitir uma saudável vida política.

Um comentário:

  1. Caro Gilvan,
    Mesmo achando que não perdi meu voto, tenho que reconhecer que meu candidato Plínio, foi execrado nas urnas. Necessitaremos de uns 20 a 30 anos para alcançarmos o Poder, se nada mudar no partido até lá.
    Assim, teremos um governante verdadeiramente socialista. Isso é pode virar verdade com a vitória de Dilma, caso contrário, nossos bisnetos poderão sentir o que tanto desejamos.

    9 de novembro de 2010 12:08

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