sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Fazer alguma coisa

Diante da situação angustiante em que vivemos, em decorrência da violência crescente, da degradação dos costumes, da agressão destrutiva e permanente do meio ambiente, da escalada vertiginosa da corrupção e de outras tantas mazelas sociais, é comum ouvir-se dizer: temos que fazer alguma coisa. Esse tipo de sentimento já é bastante louvável, pois o que predomina é o conformismo, a letargia, o não fazer, deixando que a torrente destruidora do capitalismo cumpra a sua sina de inviabilizar a própria vida.
Uma observação, porém, é imprescindível: a necessidade de fazer alguma coisa não implica em procurar fazer qualquer coisa. É preciso tentar fazer a coisa certa, obedecendo a máxima caepista de que “fazer é importante, mas saber fazer é fundamental”.
Quando não se tem conhecimento abalizado da causa dos infortúnios sociais, somos levados a buscar combater os efeitos, descurando do essencial, que é combater a causa e isso é, além de um desperdício de esforços, uma atitude sem consequências.
Vejamos como é tratada a questão dos jovens mergulhados no uso das drogas. Aqui, cria-se um grupo de orações com o intuito de salvar dúzia e meia de jovens do flagelo dos vícios. Ali, cria-se uma equipe de atletas para praticar o esporte sadio e assim salvar outros tantos jovens. Assim, se sucedem as iniciativas que buscam combater as inúmeras chagas sociais. Isso significa fazer alguma coisa, entretanto, é necessário ver que elas são insuficientes, trata-se de medidas de varejo enquanto os problemas sociais se multiplicam no atacado.
Temos, pois, duas grandes tarefas. A primeira delas, é despertar o grande contingente de indiferentes para que se toquem diante da extrema gravidade da situação em que vivemos. A segunda tarefa, é fazer com que aqueles, de boa fé, empenhados em missões salvacionistas combatendo os efeitos, despertem para a necessidade de combater a causa e essa causa tem nome, chama-se capitalismo, e ele reserva e reservará, enquanto subsistir, a produção continuada de malefícios sociais.

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