terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A capacidade de querer mais para muitos.

Contribuição da militante socialista Adelitta Monteiro

Ser socialista não é fácil. O capitalismo vive um período muito favorável e o povo que deveria estar pensando a respeito do fato de ser um povo pobre foi reduzido a um conjunto de indivíduos que sonham em ficar ricos. A Burguesia colocou na nossa cabeça uma grande mentira: riqueza é questão de competência e esforço.

“De repente, não mais que de repente” vem a notícia das revoltas no Egito, incentivadas pela derrubada do governo na Tunísia. É preciso refletir a respeito dos rumos tomados por um processo revolucionário. Personificar o processo é um perigo. Quando nos dizem que nosso sofrimento é culpa de governos vemos a cristalização de mais uma enganação. A questão não é de governo, é de poder. A luta não é entre indivíduos, é entre classes. Seria este o rumo acertado para um processo real de transformação no Egito e no mundo.

Poderia buscar algum acadêmico em sociologia para apresentar sua visão a respeito desta revolta egípcia, mas terei o prazer de citar a frase de alguém com mais respaldo, devido a sua vivência, e que apresentou uma forte clareza política. Mahmoud Mohammed Imam, um motorista de táxi de 26 anos, disse: "Tudo que ele disse (o atual governante) foram promessas vazias e mentiras. Ele nomeou um novo governo de ladrões, um ladrão vai e vem outro para saquear o país." "Essa é a revolução das pessoas que estão com fome, essa é a revolução das pessoas que não têm dinheiro, contra aquelas que têm muito dinheiro."
Esperamos que a essência política do que está ocorrendo no Egito não siga a linha dos conciliadores que dirão que a simples substituição de governantes mudará a ordem das coisas, que os líderes da revolução não sejam hipnotizados pela possibilidade de governar por eles mesmos e, principalmente, que o povo egípcio esteja seguro o suficiente para derrubar seus próprios líderes. Enfim, fica a esperança de que o povo não se contente com uma democracia burguesa, não deseje eleger representantes que não os representem e que os trabalhadores agarrem a história e a segurem com os calos de suas próprias mãos.

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