sexta-feira, 6 de maio de 2011

CONTO DE FADA



A esposa de um outrora embaixador brasileiro na Inglaterra, amiga e confidente de lady Diana foi excluída da lista de convidados para o casamento do príncipe inglês. Mesmo excluída, ela procurou demonstrar que não estava ressentida e acrescentou: a festa de casamento foi um lindo espetáculo, assistido por uma legião de mais de 2 bilhões de pessoas. E comentou: diante desse momento de crise o povo estava precisando de um “conto de fadas”.

Observa-se o nível de consciência de classe de que é dotada essa senhora. Ela compreende que o mundo dela, o mundo capitalista, está em crise e que é preciso lançar mãos de todos os expedientes para evitar que a massa dos oprimidos externe o seu descontentamento e tome as ruas numa atitude de insatisfação e revolta.

Assim tem procedido a burguesia. Assim eles têm conseguido a magia de “tapar o sol com a peneira”. Lançando mão de vários artifícios, o sistema consegue manter-se de pé. Ou melhor, presenciamos uma gritante contradição: enquanto o sistema capitalista exaurido, estoura pelas costuras no que diz respeito às questões socioeconômicas, ele desfruta de uma hegemonia política nunca antes alcançada. Isso se deve à capacidade política da burguesia e à incapacidade de uma esquerda que, por sua maioria, terminou deixando se levar pelo “canto da sereia” para prostrar-se diante do poder burguês e a ele servir como eficaz muleta de sustentação.

A prática de oferecer circo à massa do povo, tem raízes históricas muito antigas, como é exemplo o Império Romano que dizia: “ao povo, pão e circo”. Aqui, na nossa terrinha, observamos essa prática quando os serviçais do sistema, vestidos ostensivamente com a camisa da direita ou travestidos de esquerda, propõem-se a levar a cabo essa política de oferecer espetáculos festivos com claros propósitos de esconder a dura realidade que vive o nosso povo. O Bolsa Família tornou-se o majestoso “conto de fadas” para uma imensa massa de miseráveis e, por conta disso, criou-se um imenso “curral eleitoral” que serve à sustentação do sistema.

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