terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

LUTA PELO BRASIL




            Os trinta e dois anos do Partido dos Trabalhadores foi amplamente festejado e cantado em prosa e verso. Chamou-nos a atenção uma frase pronunciada pelo Sr. Rui Falcão, presidente da instituição em festa, quando disse, a plenos pulmões: “durante os governos do PT, temos assistido uma história de luta pelo Brasil”. Fica patente que pela voz do presidente dos Partidos dos Trabalhadores há muito foram abolidos os interesses da diversas classes e camadas sociais. Não se trata mais da luta renhida entre os interesses da burguesia e os inconciliáveis interesses dos trabalhadores. Em lugar do antagonismo de classe, a velha esquerda direitosa tratou de sepultá-la e erigir como móvel da história a luta pelo interesse dos diversos países. Essa tarefa foi levada a cabo durante esse noventa anos de hegemonia stalinista e se destacaram como seus grandes feitores tanto o velho Partido Comunista, como o PSB e o PT, que tantas esperanças trouxeram, de que renasceria do seio das lutas sindicais, um partido que realmente representasse os interesses históricos dos trabalhadores. É preciso deixar bem claro que sindicatos, movimentos ou partidos de trabalhadores, que não se prestem a defender os objetivos maiores das classes laboriosas, nada representarão de avanço na libertação dos grilhões do capitalismo.
            É evidente que a burguesia não poderia jamais clamar: “senhores explorados, senhores, oprimidos, mulheres descriminadas, venham se matar em defesa de nossas terras, de nossas fábricas, de nossas minas, de nossos bancos, de nossas empresas.” Não podendo usar tal discurso, a burguesia, contando com a significativa ajuda da esquerda direitosa lança mão do discurso que signifique não a salvação das fortunas burguesas, mas a salvação da pátria, que corresponde a salvação dos interesses do patronato. Vejamos, pois, o quanto a burguesia é astuta é esperta e como sabe usar de truques para ludibriar a boa fé do povo e fazer com que o próprio povo se transforme em soldados defensores dos interesses burgueses. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

“NOS BRAÇOS DO POVO”



            O senhor Antonio Texeira de Oliveira, foi afastado do cargo de prefeito da cidade de Senador Pompeu e, imediatamente, recolhido à prisão em 30 de junho de 2011, acusado de irregularidades e outras falcatruas. A cidade de Senador Pompeu, situada no sertão do Ceará, havia elegido Oliveira, pelo PT, para ocupar o cargo de prefeito. Para alguns, tal vitoria petista representaria um avanço político, pois o aludido partido seria a encarnação da competência, da abnegação e da honestidade. Posteriormente, vem a acusação de uma conduta nada honesta e nada leal para aqueles munícipes de tão paupérrima cidade, cujo Índice de Desenvolvimento Humano é o 116º no Ceará, isso entre 184 municípios.
            Sabe-se que vivemos numa sociedade dividida em classes e camadas sociais e o Sr. Oliveira não foi preso e se manteve por tanto tempo na cadeia por que tenha assumido alguma atitude ao lado da classe dos explorados e oprimidos. Não foi isso que aconteceu. Oliveira tratou de se comportar como se comporta qualquer político fisiológico, seja ele considerado de direita ou da esquerda direitosa, formada pelo PT, PCdoB, PSB. Vê-se que a luta de classes foi para o espaço com o “modo PT de governar” e em seu lugar passou-se a levar a cabo comportamentos bem próprios da direita fisiológica, e é bom assinalar que a direita ideológica teve e tem variados quadros que se regem por uma conduta política de natureza ideológica.
            Ora, nós vimos o bando de José Sarney ter seu processo arquivado no Supremo Tribunal Federal, e foi lá que o Oliveira obteve das mãos generosas do ministro Gilmar Mendes o seu habeas corpus concedido. O que nos causa, porém, mais estarrecimento é ver que o Sr. Antonio Texeira de Oliveira, foi recebido no seu município pelo próprio povo que foi enganado com uma festiva carreata, ou seja, o larápio volta “nos braços do povo” e isso nos leva a convicção de que vivemos um momento de aguda e perigosa degradação e essa degradação se manifesta de várias formas sendo o Oliveira apenas mais um exemplo chocante. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

DEBOCHE


Numa cidade do sertão do Ceará, um cidadão, chamado Demizão, pretende ser candidato a vereador naquele município. Como radialista, o pré-candidato lançou, como plataforma eleitoral, criar em sua cidade um “albergue”, com psicólogos, para cuidar dos cornos da cidade.

Esse não é o único episódio em que o processo eleitoral é levado ao deboche. Na cidade de Fortaleza, uma vedete, famosa por sua prática de streap tease e espetáculos pornôs, Débora Soft, candidatou-se à vereadora e se elegeu. Recorrendo ao passado mais distante, devemos lembrar-nos da eleição do “bode cheiroso” no município de Jaboatão, em Pernambuco. Em São Paulo, tivemos a eleição do rinoceronte “Cacareco”, que se prestou a motes de marchinhas de carnaval.

É natural que existam manifestações políticas dessa natureza, tamanho é o deboche dos políticos de carreira, particularmente os fisiológicos que não respeitam, minimamente, seus eleitores e se dão à prática de comportamentos chocantes, como são o nepotismo e a corrupção corrente, sem que haja a devida punição que se havia de esperar.

É um engano, entretanto, imaginar que o nepotismo e a corrupção são práticas próprias das instituições legislativas e executivas. Recentemente, vimos estourar uma bomba de grande tamanho em relação à corrupção que se faz presente no chamado Poder Judiciário. A corregedora, Eliana Calmon, numa prova de coragem e lisura, veio a público para dizer, com todas as letras, que o Judiciário abrigava um bom número de bandidos de toga.

O presidente do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, o Ministro Peluso, saiu em defesa dos acusados, dizendo que a citada corregedora agira com exagero e de forma inconveniente. As organizações corporativas não fizeram silêncio e bradaram energicamente em defesa da lisura que caracteriza o Judiciário.

No exército cerca de sete generais foram acusados de improbidade, desviando recursos e praticando superfaturamento na condução do DNIT. E assim, vê-se que o capitalismo está podre e tudo que consegue fazer não passa de remendos.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ESQUERDA OU DIREITA?



            Pouco importa o êxito ou o fracasso de uma administração municipal, seja ela de direita ou de esquerda. Em 1985, Fortaleza elegeu Maria Luiza, tida radical, prefeita da cidade e sua administração foi um desastre. Culparam o inimigo pelo insucesso, o que é um absurdo. Tempo depois, foi a vez do Sr. Juraci Magalhães, tido com de direita, fazer uma administração extraordinária. Terminada a sua gestão, ele conseguiu eleger o seu sucessor, e ainda hoje quando se pergunta à população, qual foi o melhor prefeito, a maioria dirá que foi Juraci.
            Outro político, da direita, o Sr. Jaime Lerner, promoveu uma revolução administrativa em Curitiba. Em 1988, o PT elegeu a Sra. Erundina, prefeita de São Paulo. Administração medíocre, não conseguiu fazer seu sucessor e perdeu para o ultra direitista Paulo Maluf, cuja administração foi aplaudida e ele elegeu como sucessor a figura medíocre do Sr. Celso Pita.
            O que seria, então, uma administração de esquerda ou direita de qualquer município? Poderia ser desastrosa, ou exitosa, independente do seu rótulo. Esperava-se que uma prefeita, como no caso de Fortaleza, militante da ala esquerda do PT, tivesse outra marca. Qual nada. Ela aprendeu com a direita e tratou de construir alianças com o empresariado e dessa forma não lhe faltou dinheiro para as suas campanhas. Mas o que poderia fazer um socialista à frente de uma prefeitura? Poderia tentar promover um trabalho de educação política. Por exemplo: Fortaleza tem a Praça 31 de Março, e houve toda uma tentativa para mudar o seu nome que reverencia a  extrema direita, para o nome da merecida figura de Dom Hélder Câmara. Por que a prefeita não levantou uma discussão quanto ao nome do bairro José Walter que reverencia o nome de um senhor que se prestou à servir a ditadura, inclusive levando a cabo uma política de perseguição e delação? Por que, ao invés de tais medidas que suscitariam um trabalho de educação política, ela prefere promover sucessivas festas, trazendo caríssimos artistas do sul do país? Vê-se neles uma esquerda direitosa.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ÁFRICA DO SUL



            Os da minha geração lembram-se da política fascista processada na África do Sul, onde uma minoria da raça branca detinha o poder e submetia a imensa população negra a um regime de super-exploração e de humilhação. Havia no mundo uma repulsa ao governo branco da África do Sul.
            Os negros, organizados por inspiração do Partido Comunista, procuravam exercer uma política de resistência e, até mesmo aspiravam promover um movimento que derrotasse o fascismo e implantasse um governo dos trabalhadores.
            Dentre as figuras heróicas da resistência negra, na África do Sul, destacou-se Nelson Mandela. Preso e julgado arbitrariamente, esse militante negro chegou a permanecer cerca de 28 anos nos cárceres do governo branco. Dotado de uma coragem e de uma fibra de primeira ordem, Mandela soube suportar as agruras do cárcere.
            No mundo todo havia movimentos pela soltura de Nelson Mandela, e é oportuno lembrar que Mandela, quando foi preso, existia na África do Sul a maior favela do mundo, a favela de Soweto. Passados os anos e em função das mudanças na conjuntura política mundial, foi possível negociar com governo branco a soltura de Mandela e promover eleições chamadas livres, contanto que se preservasse o poder econômico, financeiro e o controle do Estado em mãos da população branca.
            A Mandela só era dado o governo, que ele exerceu obedecendo a tudo que se havia combinado e, no término de seu governo, outro negro assumiu o posto de presidente e Soweto, que já era miserável antes da prisão de Mandela, tornou-se maior e mais miserável ainda após o seu governo.
            O seu sucessor notabilizou-se pelos seus crimes de estupro e suas práticas de corrupção, tornando a África do Sul um país de grandes desigualdades e injustiças. Isso prova que a questão não é racial a questão é de natureza de classes sociais diferentes, pouco importando se branca ou preta. Esses fatos revelam também, que uma coisa é o governo e outra bem diferente é o poder. Governos vão e vêm, mas o poder permanece a serviço do capitalismo. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ESQUERDA DIREITOSA


Lênin, um dos expoentes do movimento socialista, nos legou a grande obra: “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”. A rigor, registramos o direitismo como velha doença do comunismo. Tivemos o ataque direitista formulado por Bernstein, no final do século XIX, que mereceu pronta resposta dos verdadeiros socialistas.
Em 1912/13, quando o mundo se preparava para ser palco da guerra inter-imperialista, a direita burguesa conseguiu transformar, regra geral, os partidos socialistas numa esquerda direitosa, que renunciou o socialismo para se converter ao social-patriotismo.
Com a derrota da revolução socialista, em escala mundial, a insurreição russa trouxe grandes esperanças. Entretanto, submetida ao isolamento e às carências próprias de um país de periferia, o socialismo sucumbiu para dar lugar a uma esquerda ultra-direitosa, peça auxiliar da manutenção do capitalismo.
Podemos afirmar que as premissas da contra revolução mundial têm suas raízes no X Congresso do Partido Comunista Russo, em 1921, quando foi aprovada uma resolução em que se sustava o livre debate, impunha o monolitismo e o partido único, organizava a polícia política para punir os dissidentes, fossem eles de esquerda ou de direita, levou-se a cabo a construção de campos de trabalho forçado e as execuções sumárias e todas essas medidas, mesmo que tenham sido tomadas com boas intenções, ela se prestaram a constituir-se na base do mais horrendo dos fenômenos históricos, o stalinismo.
A partir daí, usando de todos os instrumentos disponíveis, assim como de todos os métodos, consolidou-se a esquerda direitosa, peça auxiliar na sustentação, até os dias de hoje, do mundo capitalista. Essa esquerda direitosa baniu a luta de classes e nos induziu a imaginar que o móvel político da história, era a luta entre diferentes interesses nacionais, e dentro desse contexto, essa esquerda direitosa, põe de lado a afirmação de que “o proletariado não tem pátria” e se assume como nacionalista, deixando bem clara sua feição direitista, patriota, patronal.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DESINFORMADO OU MAL INFORMADO


            São situações totalmente diferentes entre aqueles que são desinformados e os que são mal informados. No primeiro caso, na desinformação, é como se o nosso cérebro fosse uma folha em branco e, por essa razão, os desinformados tendem a se comportar com uma maior dose de humildade no processo de aprendizado. Enquanto isso, existe uma gama de pessoas que dispõem de uma boa carga da má informação, e  tendem a preservá-la como se fosse verdade.
            Quando você tem que levar informação aos desinformados, você conta com certa receptividade, mesmo que o desinformado, por conta, muitas vezes, da falta de outros pré-requisitos, também, apresente certo grau de dificuldades em assimilar novos conceitos.
            Transmitir conhecimento, sempre foi uma tarefa que requer esforço, tanto de quem se propõe a transmitir quanto aos que se dispõem a aprender. A questão fica mais complicada quando você se depara com uma legião de mal informados, que tendem a resguardar os seus conceitos, mesmo infundados, como se fossem verdades eternas. Diante do mal informado, temos o trabalho penoso de tentar desconstruir os seus falsos conceitos para oferecer os novos conceitos. Essa dificuldade de ensinar ao mal informado muda muito de grau e circunstâncias. O homem simples, o trabalhador, é desinformado, entretanto, lhe faltam pré-requisitos que o ajudem a melhor assimilar novos conceitos. Quanto ao segundo, isto é, ao mal informado, também muda de situação: existem aqueles iletrados, os semi-letrados e os bem letrados. É justamente entre os bem letrados, os doctors, que vamos encontrar uma maior parcela de dificuldades em desfazer os seus equívocos, pois, regra-geral, a sua ignorância está respaldada pelos títulos que as tantas academias burguesas lhes conferem, e esse fato produz convicções, e a convicção, como já foi dito, é muito mais grave do que a própria mentira. Mesmo contando com essas dificuldades que temos diante dos desinformados e mal informados, é nosso dever ministrar a verdade histórica que tanto nos falta. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DEVER DE OFÍCIO


            Mentir é, essencialmente, necessário para a burguesia manter o sistema capitalista calcado na desigualdade e produtor permanente de tantas desgraças sociais, como são a fome, as favelas, o desemprego, os baixos salários, a prostituição, a corrupção, a violência e tantas outras. Nesse sistema, existem basicamente duas classes sociais, a burguesia, que são os ricos, e os pobres, que são os trabalhadores empregados ou desempregados. Os ricos representam uma minoria, e essa minoria só pode se manter de pé através do exercício contínuo da mentira. Se ao invés dos discursos mentirosos florescesse a verdade, o povo trabalhador e sofrido poria abaixo, num piscar de olhos, a ordem capitalista. Ora, se é dever dos ricos praticar a mentira, seria dever dos partidos, sindicatos, dos movimentos que se declaram contra a injustiça social, desconstruir os discursos mentirosos e propalar a verdade.
            Pregar a verdade, é deixar claro para a nossa família, para o nosso vizinho, para o nosso colega de trabalho, que o principal inimigo do povo é, justamente, o sistema capitalista. Esse discurso é fundamental, pois é necessário que tomemos consciência dessa verdade, e a partir dela, coloquemos a cultura da mentira numa merecida sepultura, ou seja, os discursos burgueses calcados na fraude, na enganação, devem ser abatidos, desmascarados e sepultados. Só assim ganharemos a paz e a justiça. Só assim reinará uma sociedade fraterna onde as pessoas viverão em irmandade e nunca essa sociedade que ai está e se mantém com a exploração do homem pelo homem. Assim sendo, quando vemos e ouvimos a burguesia falar e representar suas mentiras, achamos isso natural, pois de outra forma não sobreviveria, como já dissemos. Ficamos chocados, entretanto, quando vemos partidos, movimentos ou sindicatos que se reivindicam contra essa ordem econômica e social de exploração, repetirem os discursos da burguesia e dessa forma prestarem serviço não aos trabalhadores, não à massa sofrida e sim, a essa minoria de ricos que exerce o poder a ferro e fogo.