sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cem anos de Jorge Amado


            Ninguém, de sã consciência e honestidade, poderá negar o talento literário do Sr. Jorge Amado, belo contador de histórias e construtor de fantasias. Tive a oportunidade de conhecê-lo, na cidade de Alcântara, estado do Maranhão, onde ele buscava o silêncio para escrever um dos seus livros, que terminou de fazê-lo na ampla mansão do “bom burguês”, Eduardo Lago, em São Luiz. A característica maior de Jorge Amado era falar muito. Se era bom ouvinte, não tive a chance de saber.
            Tinha, desde aquela época, uma repulsa muito grande por esse escritor venal, cuja pena mágica, colocou a serviço do “pai Stalin”, como ele mesmo chamou. Era mais um escritor, que se colocava a serviço do stalinismo, assim como fizera Pablo Neruda, no Chile, e tantos outros dramaturgos, poetas, cinegrafistas e escritores de vários naipes.
            As obras de Jorge Amado eram, regra geral, criminosas, e fica até difícil ressaltar qual delas a mais perniciosa. No livro Os subterrâneos da liberdade, ele comete os mais cruéis crimes de calúnia, ressaltando dentre eles, o de acusar o grande militante socialista Hermínio Sacheta de traidor e oportunista. No livro O mundo da paz, ele descreve a URSS, do “pai Stalin”, como um país onde corria leite e mel. Do senhor Carlos Prestes, homem de têmpera e coragem, porém formado pela Academia de Ciência da URSS, e serviçal inconteste das ordens de Moscou, ele promoveu sobre o dito senhor várias lendas e a partir delas produziu o livro O cavaleiro da esperança.
            Os escribas, os poetas, os dramaturgos que se colocaram a serviço dessa obra monstruosa que responde pelo nome de stalinismo, têm um debito avultado para com a História e, sobretudo, para com as classes exploradas e oprimidas, na medida em que esses senhores forjaram, mundo afora, uma legião de pessoas crédulas em tantas lendas e fantasias perniciosas, pois calcadas na mentira e a mentira interessa, antes de tudo, ao capitalismo, enquanto a verdade é revolucionária e por essa razão ela é perseguida sistematicamente, particularmente, a verdade histórica.

Um comentário:

  1. Lá pela metade da década de 60 do século passado, fomos quase compelidos a ler todos os livros do Jorge Amado, era uma coleção de 18 livros. Era a tarefa que recebíamos dos núcleos de esquerda que pertencíamos à época. Tínhamos que ler e responder os questionamentos dos nossos camaradas de então. Concordo com Gilvan Rocha, quando diz que Jorge Amado, transformou-se em um interlocutor do sistema capitalismo e por via de conseqüência um traidor da classe trabalhadora.

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