quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O ELEITOR CORROMPIDO




            A cultura de esquerda costumava denunciar a burguesia como classe degenerada. Ficou célebre o filme do cineasta Marcello Mastroianni, “A Doce Vida”. Nesse filme, passa-se a ideia de que a burguesia vivia uma situação de angústias e de vazios, sem conhecer o amor e outros sentimentos nobres. A imagem de uma burguesia padecendo graves problemas existenciais e de uma classe operária imune a qualquer forma de corrupção era corrente.

            Essa visão, tão maniqueísta, expressão de uma divisão entre demônios e divindade, esquece que a obra de perversão do capitalismo, permeia todas as classes e camadas sociais. Na verdade, com muita frequência, a classe operária afoga as suas amarguras nas mesas dos botequins e é comum cultivarem a pornografia e outras formas de rebaixamento no trato com os seus pares. O papel corruptor dos valores e do comportamento das pessoas, nesse sistema exaurido, atinge a todos sem distinção de classes e camadas sociais, vale repetir.

             Tanto é assim que por ocasião das campanhas eleitorais, nós que abraçamos candidaturas comprometidas com a luta socialista, ao tentarmos distribuir os nossos panfletos somos, muitas vezes, contestados pelos políticos eleitores que se colocam da seguinte forma: Ora, se fosse dinheiro ao invés de papel, eu votaria no seus candidatos.

            Fica implícito nessa postura, que o dinheiro pode vir do tráfico de drogas, dos desvios do erário, ou de outros atos criminosos. Mesmo nos segmentos mais letrados, e que se presumem mais esclarecidos, é comum ouvirmos quando pedimos um voto, a seguinte pergunta: e o que eu ganho com isso?

            Não é por outra razão que Maluf, figura carimbada da corrupção, sempre se elege como deputado mais votado do Brasil. Não é por outra razão, que figuras denunciadas por práticas de corrupção, terminam como candidatos que  obtêm grandes votações. Há políticos de carreira que mentem e roubam. Porém, há políticos eleitores que também mentem e se põem à venda a preços módicos. Vale refletirmos sobre essa questão!

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