segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Batalha Eleitoral

                                                    
            Dentro das regras do jogo do sistema, nenhum postulante de esquerda a quaisquer das prefeituras poderá fazer um milímetro a mais do que faria um competente postulante da direita. As vitórias eleitorais das “esquerdas” têm revelado que em nada contribuíram ou contribuem para a causa socialista. Pelo contrário, há um empenho dos eleitos em demonstrar que o capitalismo é viável, desde que bem administrado, e uma legião de militantes de esquerda transforma-se em office boys e office girls do sistema vigente.
         Em Fortaleza, temos dois exemplos gritantes. Maria Luiza elegeu-se prefeita, em 1985, na pretensão de que tudo iria mudar. É verdade que sua campanha não foi de caráter anticapitalista. A ênfase era a moralização com a promessa de que elaboraria um dossiê das falcatruas correntes na prefeitura. Eleita, Maria Luiza foi alvo da mais exacerbada oposição, não faltando aquela implementada pelo PCdoB, capitaneado à época, pelo hoje, senador Inácio Arruda.
         Somando-se, a inabilidade, a falta de recursos para um razoável gerenciamento, o amadorismo e a incompetência, a Administração Popular da Maria Luiza foi um desastre e em nada contribuiu para a criação de uma consciência socialista. Todo o insucesso, porém, foi por ela debitado ao inimigo, como se ao inimigo não coubesse, justamente, a tarefa de inviabilizar o nosso projeto.
         Anos depois tivemos a eleição da não menos aguerrida Luizianne Lins, dessa vez com algumas diferenças de conduta. Ao invés do conflito com a Câmara Municipal, sabidamente fisiológica por sua maioria, escolheu-se o caminho do compadrio. Depois, nenhuma palavra, nenhum gesto que viesse contribuir para a formação de uma consciência anti-sistema, apesar dela se dizer socialista. Por sua vez, uma legião de militantes foi chamada a se ocupar da tarefa de administrar a desigualdade e até tentar fazê-la bela e isso foi uma lástima.
         Novamente foi posta a batalha eleitoral. Quem aproveitou o ensejo para denunciar os embustes da burguesia? Quem ousou dizer ao povo que a questão central não é de governo e sim do sistema capitalista?

Nenhum comentário:

Postar um comentário