quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

País, País, País...


País, País, País...

            Os socialistas alemães Marx e Engels, através do Manifesto Comunista de 1847/48, afirmaram que o motor da História é a luta de classes. A derrota da revolução socialista em escala mundial, levou a que a Terceira Internacional, criada com o propósito de reanimar o processo revolucionário no mundo, se transformasse no seu oposto. Ou seja, se transformasse em um instrumento da contrarrevolução, em linha auxiliar de sustentação do capitalismo, tarefa bem sucedida, pois aí está, de pé, esse aludido sistema.
            Uma das primeiras medidas de caráter contrarrevolucionário tomada pelo stalinismo consolidado, a partir de 1927, foi a de promover um profundo trabalho de distorção e assassinato do socialismo científico. Utilizando-se da Academia de Ciências da URSS, entre outras barbaridades, tratou de revogar o princípio da luta de classes e impor o falso princípio de que a contradição que movia a História se dava no nível de: nações opressoras e nações oprimidas.
            Dessa maneira, foi suprimida a política socialista, explicitamente anticapitalista, e floresceu, no lugar dessa premissa, o nacionalismo que tão bem serviu e serve aos interesses da ordem econômica e social vigente.
            Com profundo pesar, assistimos a uma longa entrevista de uma deputada do PCdoB e nessa entrevista, em nenhum momento, ela falou em capitalismo. Toda a sua falação enquadrava-se no discurso burguês dos interesses nacionais que, em última instância, são os interesses da burguesia. Então dizia aquela parlamentar “comunista” que o “nosso país” havia logrado grandes avanços nos governos Lula e Dilma.
            Quando ela se reportava a questões mundiais, trabalhava também com a categoria de país, abordando a crise do capitalismo por um prisma essencialmente burguês. É triste perceber quão longe foi a descaracterização de um leque de partidos e movimentos que, sob o carimbo do “marxismo-leninismo” ou do “marxismo-leninismo-trotskismo” reivindicam-se de esquerda, sem que para isso assumam qualquer postura claramente anticapitalista e sem que levem em consideração o fato de que a sociedade vigente é constituída de classes e camadas sociais com interesses conflitantes.
             Esses despropósitos são frutos de uma longa História, cujas raízes vamos encontrar no processo de derrota da revolução socialista, particularmente na URSS, que estendeu os seus raios pelo universo a fora, difundindo mitos e lendas tão necessárias para que o capitalismo pudesse sobreviver, gozando hoje de uma ampla hegemonia política, mesmo que estejam às claras as suas crises econômicas e financeiras.

                                                                                                                            Gilvan Rocha

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