segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O “Mensalão” de Lincoln





            É verdade que para aprovar a 13ª Emenda à Constituição norte-americana com o objetivo de promover o fim do trabalho escravo, Abraão Lincoln, em plena Guerra de Secessão, quando os estados escravocratas se propunham a desligarem-se dos Estados Unidos da América, se empenhou em promover a aludida emenda e, para tanto, fazia-se necessário ter maioria no Congresso.
            Acontecia, naquela ocasião, ser a maioria dos congressistas contrários a tal emenda e isso por uma diferença de “vinte votos”. Diante desse obstáculo, o lendário Abraão Lincoln, lançou mão do expediente corruptor, “comprando” parlamentares em troca de cargos e dinheiro, de forma que pudesse levar a cabo o seu projeto abolicionista.
            Tratava-se de uma versão do “mensalão”, ocorrido no Brasil, no governo petista. Há que se considerar os distintos fins desses episódios. Enquanto o “mensalão de Lincoln” tinha por objetivo promover um espetacular episódio na História da humanidade, consentindo na revogação jurídica e política do trabalho escravo, o governo petista tinha o mesquinho interesse de acumular força política para garantir uma longevidade no governo e permitir que muitos dos militantes petistas continuassem a se locupletar das benesses do Estado e, permitir também, que alguns, não tão poucos, pudessem ampliar seus patrimônios, como elucidativo. É o caso do ex-ministro Antonio Palocci que conseguiu amealhar, em quatro anos, uma fortuna de vinte milhões de reais.
            Quando distinguimos os fins para tratar dos meios, não estamos promovendo uma adesão pura e simples ao maquiavelismo, do tipo “os fins justificam os meios”. Não podemos, porém, deixar de estabelecer diferenças fundamentais entre os que se regem por objetivos estreitos, como foi, e é o caso do petismo que, ao prestar grandes serviços ao capitalismo, cobra subterraneamente, uma taxa tolerável pela burguesia, pelos seus indiscutíveis serviços prestados ao sistema. Tal postura, diferencia-se, léguas, daquela praticada por Abraão Lincoln, sem que possamos deixar de concordar com a afirmação de que um dos mais significativos episódios históricos, de caráter humanista, a abolição do trabalho escravo nos EUA, tenha se dado pelo bafejo da corrupção.

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