segunda-feira, 1 de abril de 2013

Enxurrada de títulos




         Temos repetido, que a escola, enquanto instituição, surgiu há cerca de dez mil anos, com o advento da propriedade privada e a consequente divisão da sociedade em classes e camadas sociais. A escola nasce com dois objetivos fundamentais: o primeiro deles é preparar mão de obra qualificada para servir aos interesses da classe dominante; o segundo objetivo, é criar quadros que representem e defendam a ideologia que consagra a propriedade privada como legítima e irrevogável.
            Hoje, em pleno século XXI, como costumam falar os que imaginam ser o tempo um fator político e histórico, não percebendo que se trata apenas de uma convenção, a escola mantém como traço fundamental, os dois objetivos aludidos, pouco importando se se trata de uma escola pública ou privada.
            Ultimamente, temos assistido a uma escalada desenfreada de criação de cursos universitários em todos os recantos. Fiel ao propósito primeiro de formar mão de obra especializada e, portanto, de maior valorização no mercado de trabalho, sucedem-se as ofertas de cursos superiores que pretendem habilitar os seus discípulos para uma melhor disputa de empregos. A avalanche universitária tem sido tanta, que se observa uma verdadeira enxurrada de títulos conferidos a uma imensa legião de pessoas. São os bacharéis, os licenciados, os mestres, os doutores, os pós-doutores e os pós-pós-doutores.
            Essas titulações marcadas por leviandades e até mesmo por severos rasgos de irresponsabilidade, têm assumido um caráter de verdadeira inundação de títulos. Além da banalização, chega-se ao cúmulo de atribuir classificação acadêmica a pessoas que não a merecem, levando a graves distorções. Para  ilustrar, basta que nos reportemos ao caso dos bacharéis de direito que não logram aprovação na OAB.
            O procedimento, de conferir massivamente diplomas em vários níveis, tanto peca pelo seu caráter mercantilista, como cria uma dificuldade concreta para que os titulados dêem-se conta do seu real baixo nível de conhecimento e, assim, não se proponham a aprender tudo aquilo que lhes falta, tudo aquilo que as universidades não puderam e não poderiam dar.

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