sexta-feira, 14 de junho de 2013

A chave do cofre



A presidente Dilma Rousseff, em campanha eleitoral, dispõe de dois trunfos. O primeiro é ter a chave do cofre e poder distribuir verbas para aplacar descontentamentos e contemplar o fisiologismo. Não bastasse essa condição tão favorável, a sra. Rousseff, também dispõe da caneta, que tem o pendor de demitir e admitir pessoas nas instituições estatais.
Clamoroso foi o ato da presidente em criar o trigésimo nono ministério, objetivando envolver em sua rede mais um aliado. A nomeação do vice-governador paulista, sr. Domingos Afif (PSD), para um ministério, tem um claro conteúdo fisiológico. Álias, o PT não tem se caracterizado como uma agremiação de caráter ideológico, e no seu projeto em se beneficiar da máquina do Estado, não tem tido o menor escrúpulo em marchar de mãos dadas com o que existe de pior no espectro político dessa pútrida república burguesa. Ainda temos bem viva em nossa retina, a cena deplorável em que o ex-metalúrgico e ex-presidente Lula da Silva, por ocasião de sua visita ao Paulo Maluf, fez-se fotografar em um “comovente” aperto de mão para selar a sua aliança com este político.
Esse episódio evidenciou o fato de que, nesse contexto histórico, em que vivemos, Lula e Maluf são frente e verso de um mesmo cenário. Com chocante desfaçatez, o petismo fala que defende um hipotético projeto, entretanto não fica claro a natureza desse projeto. Outra manobra política consiste em tentar impingir que existem duas propostas em disputa. Uma da direita, o neoliberalismo, representado pelos “tucanos” e a outra, nacional desenvolvimentista, encampada pelo petismo em estreita aliança com José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, Paulo Maluf e outra figuras carimbadas. a disputa entre dois projetos é, na substância, falso.

Diante disso, cabe uma reflexão, quanto às pretensões ideológicas do PT, o fato de que Lula, eleito presidente, não só conservou as linhas gerais do Plano Real, implantado e dirigido pelo PSDB, como teve o desplante em convidar para o Banco Central o banqueiro internacional, gente de confiança do capital financeiro, Henrique Meireles, e esses fatos leva-nos a repudiar a falsa dicotomia: petralhas versus tucanalhas. Devemos trilhar outros caminhos que nos levem a uma postura anticapitalista, e não ficarmos presos a essa chantagem, cuja expressão é uma falsa disputa entre direita e esquerda, quando o que na verdade existe e predomina, por parte de uma pretensa esquerda petista, um real direitismo, mal travestido de esquerda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário