A presidente Dilma Rousseff, em campanha eleitoral,
dispõe de dois trunfos. O primeiro é ter a chave do cofre e poder distribuir
verbas para aplacar descontentamentos e contemplar o fisiologismo. Não bastasse
essa condição tão favorável, a sra. Rousseff, também dispõe da caneta, que tem
o pendor de demitir e admitir pessoas nas instituições estatais.
Clamoroso foi o ato da presidente em criar o
trigésimo nono ministério, objetivando envolver em sua rede mais um aliado. A
nomeação do vice-governador paulista, sr. Domingos Afif (PSD), para um
ministério, tem um claro conteúdo fisiológico. Álias, o PT não tem se
caracterizado como uma agremiação de caráter ideológico, e no seu projeto em se
beneficiar da máquina do Estado, não tem tido o menor escrúpulo em marchar de
mãos dadas com o que existe de pior no espectro político dessa pútrida república
burguesa. Ainda temos bem viva em nossa retina, a cena deplorável em que o ex-metalúrgico
e ex-presidente Lula da Silva, por ocasião de sua visita ao Paulo Maluf, fez-se
fotografar em um “comovente” aperto de mão para selar a sua aliança com este
político.
Esse episódio evidenciou o fato de que, nesse
contexto histórico, em que vivemos, Lula e Maluf são frente e verso de um mesmo
cenário. Com chocante desfaçatez, o petismo fala que defende um hipotético
projeto, entretanto não fica claro a natureza desse projeto. Outra manobra
política consiste em tentar impingir que existem duas propostas em disputa. Uma
da direita, o neoliberalismo, representado pelos “tucanos” e a outra, nacional
desenvolvimentista, encampada pelo petismo em estreita aliança com José Sarney,
Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, Paulo Maluf e outra figuras carimbadas.
a disputa entre dois projetos é, na substância, falso.
Diante disso, cabe uma reflexão, quanto às pretensões
ideológicas do PT, o fato de que Lula, eleito presidente, não só conservou as
linhas gerais do Plano Real, implantado e dirigido pelo PSDB, como teve o desplante
em convidar para o Banco Central o banqueiro internacional, gente de confiança
do capital financeiro, Henrique Meireles, e esses fatos leva-nos a repudiar a
falsa dicotomia: petralhas versus
tucanalhas. Devemos trilhar outros caminhos que nos levem a uma postura anticapitalista,
e não ficarmos presos a essa chantagem, cuja expressão é uma falsa disputa
entre direita e esquerda, quando o que na verdade existe e predomina, por parte
de uma pretensa esquerda petista, um real direitismo, mal travestido de
esquerda.
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