É
claro que alguém que se proclame um químico, não o seja a partir, apenas, dessa
autoproclamação. O mesmo se aplica à física, à biologia, as ciências médicas...
Isso quer dizer, não é químico, físico, biólogo, ou médico aqueles que simplesmente
se rotula.
Esse
mesmo raciocínio devemos ter em relação ao socialismo científico, chamado, por
injunção histórica, de marxismo. Ser marxista não é uma simples profissão de
fé, é a tomada de consciência da questão social e política, a partir de um
prisma fundado em elementos teoricamente consistentes.
O
socialismo científico apóia-se no tripé: a filosofia
(materialismo dialético), a economia
(teoria do valor) e a política
(materialismo histórico). Além de conhecer as partes constituintes do marxismo,
é necessário que se tenha total comprometimento com suas linhas mestras e a
partir delas traçar os caminhos de sua militância. Dito isso, causa-nos
perplexidade quando assistimos a existência de uma legião imensa de “marxistas”,
patrocinados, regiamente, pelas universidades burguesas, quando temos sã
consciência de que essas instituições propõem-se unicamente a cumprir duas
tarefas: a primeira delas, consolidar a ideologia do sistema capitalista e a segunda,
tão importante quanto a primeira, produzir mão de obra qualificada para servir
às diversas demandas desse mesmo sistema.
Dessa
forma, é estranho que a burguesia tenha se tornado tão generosa, patrocinando a
construção de uma consciência política de caráter revolucionário, como é o
marxismo, cujo conteúdo precípuo é justamente a negação radical da ordem
capitalista.
Além
de patrocinar os “marxistas legais”, conferindo-lhes bons salários, títulos e
status, a burguesia, num gesto de generosidade “democrática”, vai bem além,
financiando eventos como palestras, seminários, cursos, e outros estudos de
natureza pretensamente marxista. Seria
apenas intrigante se não fosse uma fraude colossal, pretender-se que a festejada
academia burguesa possa abrigar, gerenciar e patrocinar o marxismo.
Cremos,
relevante observar a abismal diferença entre a vida militante dos “marxistas
legais” e os ilegais, como Karl Marx, Rosa Luxemburgo, Vladimir Lênin, George
Plekanov, Julio Martov, Leon Trotski, e alguns outros próceres ativistas do
socialismo revolucionário. Enquanto, como já ressaltamos, os “marxistas legais”
são alvos da “generosidade” da burguesia, os velhos marxistas foram objeto de
permanente perseguição, levando-os a terem uma vida errante, marcada por
testemunhos de completa intolerância por parte, regra geral, dos governos
burgueses.
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