A
imobilidade foi rompida. O engessamento foi quebrado. Sem organização e sem
direção, o povo está na rua. O movimento espontâneo revela conceitos
equivocados, preconceitos e a má informação. Isso é natural. Grupos anarquistas
levantam a palavra de ordem “o povo unido não precisa de partido”. Trata-se de
um absurdo rejeitar a necessária organização consciente, ou seja, a
auto-organização do povo. Esse discurso dos anarquistas, encontra ressonância
no sentimento do povo, enquanto a
direita aproveita-se do fato para tentar isolar a verdadeira esquerda, os
verdadeiros socialistas.
É
compreensível que as massas populares tenham uma rejeição aos partidos, uma vez
que na sua imensa maioria, eles estão presos a lógica eleitoral e praticam,
descaradamente, o fisiologismo.
Com
a hegemonia política do PT, nesses últimos anos, deu-se uma paralisia dos
movimentos populares. As centrais sindicais e estudantis tornaram-se
instituições a serviço de um governo que se ocupa em gerenciar os negócios do
capitalismo. É bem verdade que existem alguns partidos de feição ideológica, de
caráter anticapitalista. Nesse campo estão PSOL, PSTU, PCB, POR... entretanto,
essas organizações não desfrutam de razoável visibilidade.
É
preocupante o acentuado traço nacionalista das manifestações, mas é preciso
entender, que elas refletem o grau de confusão e atraso de uma massa que foi
entregue à própria sorte, quando a “esquerda” majoritária, bandeou-se de malas
e bagagens para a causa burguesa, ocupando-se em gerenciar e manter o sistema
socioeconômico vigente.
Diz
o povo: “Veja o PT, depois que chegou ao
“poder”, deu as costas aos trabalhadores e se vendeu, mergulhando no mar de
lama da corrupção”. E acrescenta: “Assim
são os partidos, quando chegam lá, mudam”. Esse argumento está baseado na
própria vivência popular, encharcada de distorções que lhes são impostas.
Diante
desse fato, cabe-nos ter paciência, cabe-nos dialogar permanentemente com as
massas insurgidas e levar em consideração que merece todo nosso aplauso o fato
de ter sido quebrada a imobilidade, a letargia.
Fortaleza, 21 de junho de 2013
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