segunda-feira, 17 de junho de 2013

“Fortaleza Apavorada”



            Louvável, justo e oportuno, nos parece, o movimento “Fortaleza Apavorada”. Trata-se de uma iniciativa de pessoas, de classe média, que afetadas pela violência, resolvem sair às ruas e clamar por segurança. É um movimento que tem bastante abrangência, entretanto, merece que os seus partícipes atentem para alguns fatos da nossa realidade.
            Primeiro, não basta reclamar uma Fortaleza apavorada, pois temos um mundo em pavor, decorrente da violência urbana, dos conflitos armados, como as guerras civis da Síria e do Iraque. Por sua vez, nos apavoram as agressões constantes contra o meio ambiente, colocando em risco a sobrevivência da própria humanidade. Todo esse quadro apavorante, deve ser debitado ao sistema capitalista.
            No seu nascedouro, esse sistema foi deveras progressista, rompeu com as amarras e o obscurantismo da Idade Média, para promover um surto de desenvolvimento e avanços tecnológicos. Após esse momento progressista, o capitalismo entrou em um processo de exaustão, calcado no princípio da busca incontida do lucro para uns poucos. O referido sistema socioeconômico, hoje, produz incontáveis e graves mazelas sociais.
            Assim sendo, uma luta consciente contra a violência urbana, deve estar associada a uma luta contra o próprio capitalismo, matriz de tantos e quantos infortúnios. É evidente que a luta imediata, deve ser a reivindicação em torno de medidas que sirvam, pelo menos, para diminuir o grau de insegurança em que vivemos. Políticas de caráter social, como a implementação de programas educativos, o estímulo às práticas esportivas, a qualificação profissional dos jovens, o engajamento das comunidades no esforço concreto por uma convivência pacífica, são caminhos e veredas que não podem ser descuradas em nossa jornada pela paz.

            Entretanto, não podemos cultivar esperanças de que iniciativas simbólicas, como as constantes e enormes revoadas de pombas brancas, possam mudar a face real dos nossos problemas. Fortaleza apavorada, periferia massacrada, mundo em crise, eis o quadro que temos pela frente e devemos enfrentá-lo com coragem e, sobretudo, com clareza, para não mergulharmos nas vias das ilusões.

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