A “esquerda” de matriz
stalinista, pratica um extremo ridículo. Dentre muitos, destaca-se o de imputar
ao inimigo a razão de nossas derrotas. Essa postura atropela um principio comezinho,
qual seja, inimigos não traem, inimigos cumprem o seu papel de ser inimigos.
No Brasil, quando falam
sobre o golpe de 1964, dizem que os golpistas conspiraram, atropelaram a
legalidade, rasgaram a constituição e assim, são culpados de interromper a
nossa pacífica caminhada para o socialismo. Não dizem que essa “esquerda”
pregou a ideia de que seria possível conquistar a superação do capitalismo,
através de conquistas graduais e pacificas. Não dizem que difundiam o discurso
de que o “nosso exército” era democrático e popular, e não haveria de
interromper a nossa marcha. Diziam que, para garantir o sucesso da caminhada,
existia um “dispositivo militar” comandado pelo “companheiro” general Assis
Brasil e que, se a direita ousasse disparar um tiro, seria prontamente esmagada.
Deixam de dizer, portanto,
que a burguesia cumpriu o seu papel em resguardar os interesses do capitalismo
e que, a pretensa esquerda, desarmou as massas populares, fazendo-as acreditar
no discurso vesgo de Moscou, que só contribuía para o êxito da política de
sustentação da ordem vigente.
No capítulo, o inimigo é o responsável, dizia-se,
num surto de nacionalismo: “o golpe nasceu em Washington”, como se não fosse
dever político deles, defender a todo custo, os seus interesses além
fronteiras. Diziam que os ianques deslocaram uma esquadra naval, pronta para
intervir no Brasil “desrespeitando a soberania nacional” e isso é ridículo.
Anos depois, as Forças
Armadas norte americanas desembarcaram no Vietnã e lá intervieram de forma
brutal através da presença de suas tropas que chegaram a somar a cifra de 800
mil militares e, assim mesmo, foram derrotados, provando que o que decide numa
guerra não é, simplesmente, a natureza das armas e sim a natureza da guerra.
É impiedosamente trágico e ridículo
se ter uma estratégia que necessite, para o seu sucesso, da colaboração do
inimigo.
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