Há poucos anos, um certo
intelectual “marxista-leninista-trotskista”, veio a público com um artigo
intitulado: “Elite Burra”. Não dizia se se tratava da elite do futebol ou do
jogo do bicho. Porém, como uma certa esquerda, em consonância com a academia,tem substituído a palavra
burguesia por elite, passamos a considerar que o autor, quando se referia à
elite, estava falando da burguesia.
É necessário, termos em
consideração, que a classe burguesa, nascida no seio do feudalismo, soube
tanger os seus interesses com competência e habilidade. A sua primeira vitoria
deu-se quando, em aliança com o rei, conseguiu que fosse implantado o
absolutismo que punha fim ao poder fracionado da nobreza e servia ao progresso
da prática mercantil. Foi no capitalismo mercantilista que se deram os grandes
descobrimentos marítimos e enriqueceram a burguesia ligada a esses interesses. Por
sua vez a burguesia, através de talentosos teóricos, elaborou um projeto para
uma nova ordem econômica social. Esses teóricos, conhecidos como os “iluministas”,
levaram a frente uma concepção de sociedade em contraposição à exaurida
sociedade feudal. De posse de um projeto, a burguesia soube conspirar e
estabelecer aliança política com os trabalhadores servis e o proletariado
emergente, para levar a avante suas insurreições vitoriosas. Conquistado o
poder político, a burguesia tratou de consolidar esse poder, o que fez com
bastante competência.
Instalado e universalizado o
capitalismo, ele se desenvolveu em ritmo acelerado, desaguando em sua fase superior,
o imperialismo, quando então foram criadas as condições objetivas para o
advento de uma nova ordem econômica e social.
Em sua fase imperialista, o
novo sistema socioeconômico, entrou em processo de exaustão e hoje,
atravessando sucessivas crises de caráter econômico, financeiro e social a
burguesia, através de seus políticos, mostra uma inequívoca competência em
manter a nau capitalista flutuando, apesar das tormentas, enquanto goza de
inegável hegemonia política.
Quem, portanto é incompetente?
Uma burguesia que cumpriu e cumpre o seu papel histórico, ou uma determinada
esquerda, claramente expressiva, que só acumulou e acumula derrotas? É preciso
refletirmos, com todo rigor, sobre esse questionamento e evitar resmungos ou
falsos triunfalismos.
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