O
Ceará viveu a oligarquia Acioli. Posteriormente, viveu a oligarquia dos
coronéis: Virgílio, Adauto e Cals. Os progressistas, imputavam a eles todos os males
sociais. Os coronéis, portando, eram “o inimigo principal”.
Em
1986, foi forjada uma aliança eleitoral, cujo objetivo maior era derrotar a “velha
oligarquia”. Movimento nascido no Centro Industrial do Ceará, capitaneado pelo
empresário Tasso Jereissati, levou avante uma campanha, cujo mote era o
mudancismo. Deu-se a derrota dos coronéis, e assumiu um novo governo. De início,
o PCdoB, em nome do “marxismo-leninismo”, participou da nova gestão. Mas, em
seguida, as forças progressistas, romperam com o novo governo e passaram a
acusá-lo de ser um novo coronel. Deram-se, depois, alguns embates e por fim,
assumiu a gestão do Ceará, aos olhos de alguns, uma nova oligarquia que seria
batizada como dos Ferreira Gomes. Essa nova oligarquia tem uma formação
diferente. Primeiro, ela não detém, em si, poder econômico. Não desfrutou das
forças das baionetas e quanto a sua possível tradição, tem um caráter restrito,
paroquial, sobralense.
Para
conquistar a hegemonia, os Ferreira Gomes, apoiaram-se em suas habilidades e,
numa estreita aliança com os setores ditos progressistas. No início dessa
aliança, participavam, intimamente, PT e PCdoB. Posteriormente, uma fração
petista, contrariada, desgarrou-se, e passou a fazer virulenta oposição à “nova
oligarquia”. O PCdoB permaneceu como aliado, e o segmento majoritário do PT
continuou junto aos Ferreira Gomes, participando da gestão do Estado.
Esses
fatos dão ao novo grupo político, momentaneamente hegemônico no Ceará, traços
singulares que bem o diferencia dos velhos oligarcas. Isso não atenua o caráter
conservador dos “novos coronéis”, entretanto, julgamos um desvio de natureza
política, pretender eleger essa oligarquia, como inimigo principal, em nossa
luta, secundando o discurso aberto e explícito contra o capitalismo,
denunciando-o como o elemento que produz nossa realidade social e política.
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