O capitalismo vive
Lenine
afirmou que o capitalismo havia entrado em sua fase superior e final, o
imperialismo. Presumia que o capitalismo teria criado as condições objetivas
para que se pudesse dar a sua superação através da construção de uma nova ordem,
o socialismo. Entretanto, a vitória do socialismo não se daria por um processo
espontâneo. Haveria de ocorrer um embate político entre as forças conservadoras
do sistema e as forças revolucionárias.
Em
véspera da Grande Guerra, deu-se um confronto entre o imperialismo, agitando a
bandeira de defesa da pátria, e as forças revolucionárias, propondo o
internacionalismo e apelando para que os trabalhadores evitassem o confronto
bélico e, não conseguindo evitá-lo, voltassem suas armas para as suas
respectivas burguesias, implementando insurreições anticapitalistas.
Para
nossa infelicidade, o discurso de defesa da pátria foi vitorioso e a causa
socialista, na Europa ocidental, foi derrotada. Houve a esperança da reversão
desse quadro de derrota, em função da Revolução Russa de 1917. Mas, apesar dos
esforços, a proposta revolucionária sucumbiu, nesse segundo momento, e a
contrarrevolução se fez presente, na Europa ocidental e se estendeu à própria
URSS.
Sob
as cinzas da derrota, ergueu-se um novo viés da contrarrevolução mundial e, se
lamentável foi o primeiro momento, em 1912/13, esse segundo momento foi muito
mais danoso. Isso porque a contrarrevolução passou a dispor dos seus meios
claros e ostensivos, manejados pela burguesia imperialista e, por outro lado, ela
se travestiu de esquerda e, aí, a tragédia tornou-se maior, ao ponto de vermos
um sistema socioeconômico exaurido, vivendo sucessivas crises econômicas e
financeiras, manter uma inquestionável hegemonia política.
A
sobrevivência do capitalismo não poderia se dar não fosse o papel da Terceira
Internacional e, depois dela, dos partidos comunistas espalhados mundo afora. A
sobrevivência do capitalismo esgotado não se daria sem o concurso dessas forças:
a burguesia imperialista, com seus mais diversos meios e, paralelamente, o
stalinismo, sob as mais diversas máscaras.
Essa
realidade chega ameaçar os nossos tímpanos de ruptura, dada a sua estrondosa sonoridade.
Diante disso temos, como saída, dois caminhos: ou encaramos essa verdade com
toda sua crueza e, a partir disso, nos tornamos capazes de construir uma outra
esquerda, baseada nos princípios reais do socialismo, ou estaremos fadados a ruir
diante da grande tragédia que a ordem econômica e social vigente nos arrasta.
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