“Tortura nunca mais”
A
quanto nos leva a equívocos ver o mundo por uma ótica idealista. O olhar
idealista nos faz crer que tudo poderá se resolver a partir do querer, da
vontade, sem que se atente para as suas causas objetivas. No período do Estado
de Exceção, ou seja, na ditadura, houve a prática da tortura.
Por
ocasião da campanha da anistia, foi criado um movimento chamado “Tortura nunca
mais”, que se deu ao trabalho de juntar fatos e denúncias reveladoras dos
múltiplos episódios de desrespeito a seres humanos, praticados em quartéis. O
nome dessa campanha, “Tortura nunca mais”, sugere que uma nova Constituição, um
novo elenco de leis, poderiam abolir a tortura. Nada tão enganoso.
Recentemente,
o Brasil, através da “imprensa golpista”, tomou conhecimento do fato de que o
ajudante de pedreiro, Amarildo de Souza, foi preso, torturado até a morte, e o
seu cadáver foi ocultado. O caso Amarildo não é o único, muitos são os
episódios semelhantes. Assim sendo, como fica, então, a afirmação de “Tortura
nunca mais”?
Fatos
desse naipe deveriam servir para a nossa reflexão e evitar que mergulhemos em
colocações desprovidas de fundamento. Sabe-se que a forma de dominação mais
eficaz que a burguesia tem é através do Estado de Direito, que bem deveria ser
chamado de Estado de direita. Os
momentos de exceção, ditos ditadura, são emergenciais. A burguesia, em sua
defesa, nunca haverá de vacilar em usar a violência. O general Ernesto Geisel,
na Presidência da República, quando propunha “a abertura lenta, gradual e segura”,
dizia: “evitemos a violência desnecessária”.
Não se tratava de um gesto de humanidade do sr. General e, sim, uma expressão
de sua consciência política, de que os excessos não trazem dividendos e criam revoltas,
que bem podem ser evitadas.
Diante
desses fatos, podemos concluir que não há como revogar a violência, enquanto
existir a sociedade dividida em classes e camadas sociais. Qualquer proclamação
de paz, no âmbito do capitalismo, é ingenuidade, como os acontecimentos cotidianos
comprovam.
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