sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"Tortura nunca mais"



“Tortura nunca mais”

            A quanto nos leva a equívocos ver o mundo por uma ótica idealista. O olhar idealista nos faz crer que tudo poderá se resolver a partir do querer, da vontade, sem que se atente para as suas causas objetivas. No período do Estado de Exceção, ou seja, na ditadura, houve a prática da tortura.
           Por ocasião da campanha da anistia, foi criado um movimento chamado “Tortura nunca mais”, que se deu ao trabalho de juntar fatos e denúncias reveladoras dos múltiplos episódios de desrespeito a seres humanos, praticados em quartéis. O nome dessa campanha, “Tortura nunca mais”, sugere que uma nova Constituição, um novo elenco de leis, poderiam abolir a tortura. Nada tão enganoso.
            Recentemente, o Brasil, através da “imprensa golpista”, tomou conhecimento do fato de que o ajudante de pedreiro, Amarildo de Souza, foi preso, torturado até a morte, e o seu cadáver foi ocultado. O caso Amarildo não é o único, muitos são os episódios semelhantes. Assim sendo, como fica, então, a afirmação de “Tortura nunca mais”?
            Fatos desse naipe deveriam servir para a nossa reflexão e evitar que mergulhemos em colocações desprovidas de fundamento. Sabe-se que a forma de dominação mais eficaz que a burguesia tem é através do Estado de Direito, que bem deveria ser chamado de Estado de direita. Os momentos de exceção, ditos ditadura, são emergenciais. A burguesia, em sua defesa, nunca haverá de vacilar em usar a violência. O general Ernesto Geisel, na Presidência da República, quando propunha “a abertura lenta, gradual e segura”, dizia: “evitemos a violência desnecessária”. Não se tratava de um gesto de humanidade do sr. General e, sim, uma expressão de sua consciência política, de que os excessos não trazem dividendos e criam revoltas, que bem podem ser evitadas.
            Diante desses fatos, podemos concluir que não há como revogar a violência, enquanto existir a sociedade dividida em classes e camadas sociais. Qualquer proclamação de paz, no âmbito do capitalismo, é ingenuidade, como os acontecimentos cotidianos comprovam.

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