segunda-feira, 29 de abril de 2013

Vingança dos mensaleiros




            Atropelando todos os princípios da decência e da sensatez, os mensaleiros, condenados pelo STF, José Genuíno e João Paulo, como membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, empenharam-se em aprovar uma emenda constitucional, PEC, que retira poderes daquela suprema corte de justiça. Verificou-se, nesse episódio, o estreito conluio entre o PT e demais partidos portadores de vocações fisiológicas, quando, sem que houvesse discussões, fosse aprovada a referida proposta de emenda.
            É evidente que o STF é um órgão do sistema capitalista, cuja tarefa é a de resguardar a chamada “Carta Magna”, cujo princípio maior é a manutenção irrevogável da propriedade privada. Entretanto, o chamado poder legislativo, que também é uma instituição de caráter burguês, encontra-se contaminado pelos violentos vírus do fisiologismo. Para que possamos ter o devido convencimento da força do fisiologismo nas instituições maiores do poder legislativo, basta que nos lembremos do fato do sr. Henrique Alves, ter sido eleito presidente da Câmara, enquanto o Renan Calheiros foi eleito  presidente do Senado. Essas figuras são peças carimbadas da política fisiológica que se tem feito presente no cenário político nacional.
            Pelos fatos ocorridos ultimamente, instalou-se uma crise entre os chamados poderes Judicial e Legislativo. Nesse conflito não se pode dizer que o Judiciário representa uma força imaculada a serviço da justiça, tão ausente nessa sociedade de profundas desigualdades sociais. Isso não! O Poder Judiciário, em suas mais diversas instâncias, revela casos de conduta condenáveis, sobretudo, compras de sentença e o conluio entre juízes e advogados bem situados.
            Entretanto, no conflito STF versus Poder Legislativo, salta aos olhos, que essa primeira instituição, porta-se de maneira mais consequente do que se porta o Legislativo, uma vez que as casas legislativas, como já fizemos referência, tornaram-se antros de corruptos em mútua cumplicidade. Entre o ruim (STF) e o bem pior (Legislativo), pois este representa interesses escusos e mesquinhos, a sensatez nos leva a nos colocar ao lado do STF, repudiando as manobras vingativas dos delinquentes mensaleiros.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Lula, o patriota




            Já nos idos anos de 1848, Marx e Engels, afirmavam: “o proletariado não tem pátria!” O antigo proletário, Lula da Silva, destacado militante sindicalista e figura maior do Partido dos Trabalhadores, tem se revelado um abnegado patriota. Porém, o patriotismo do sr. Lula tem um viés faccioso, na medida em que presta os seus serviços a uma facção da burguesia, particularmente das empreiteiras, levando os seus pleitos a vários países.
            Entre outros casos, há de se destacar a participação do ex-proletário Lula, no seu afinco em proporcionar bons negócios à empreiteira OLAS, em Costa Rica. Nesse episódio, parece existir alguns lances nebulosos e, tanto é assim, que a procuradoria costarriquense denunciou irregularidades nos contratos dessa empreiteira e, em função disso, foi aberto uma rigorosa investigação da qual Lula não será poupado.
            Outro caso que merece ser visto, deve-se às incursões do ex-metalúrgico no Panamá onde, dessa vez, os seus patrióticos serviços, tiveram como “cliente” outra empreiteira, a Odebrecht. Vários são os casos em que a participação desse “viajante” tem se feito presente. Quando acontece de haver contestações a respeito dessas andanças e intervenções em favor de algumas empresas, tanto o Lula, quanto os petistas dizem: “estamos empenhados em proporcionar bons negócios para o Brasil”. Mas, o Brasil dos petistas é o Brasil dos banqueiros, das empreiteiras, das indústrias, dos exportadores, dos importadores, do agronegócio...
            Em defesa desses segmentos do capitalismo, Lula tem se prestado a ser um ardoroso defensor. Não é a toa que o grande slogan do governo Lula foi “Brasil, um país de todos”. Trata-se de uma desavergonhada mentira, pois como sabemos, as terras do Brasil são deles, dos capitalistas, assim como os bancos, as indústrias, as minas, o grande comércio, as grandes empresas. Ao povo restam migalhas, que ao final de contas, terminam sendo bem recebidas, como é o caso patente do programa do Bolsa Família, quando há o empenho em promover uma política de assistência à miséria, quando a pretensão justa seria a abolição da miséria e da pobreza e nunca administrá-las.
            Do que foi dito, devemos concluir que, pátria e patrão são coisas que se combinam e o que existe de fato, quando se fala em defesa da pátria, é na verdade, a defesa dos interesses de uma classe, ou seja, os interesses da burguesia.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Crise Maior




         Está muito evidente uma gritante contradição! Enquanto os centros vitais do capitalismo, representados pelos Estados Unidos / Canadá, Europa Ocidental e o Japão, experimentam profundas crises de ordem econômica e financeira, esse mesmo capitalismo desfruta de uma hegemonia, quase absoluta, do ponto de vista político.
            Em função das sucessivas crises experimentadas por esse exaurido sistema, nesses últimos tempos, proclama-se, com alguma propriedade, que ele se aproxima do fim. Preocupante é o fato de que a oposição que se apresenta como força capaz de atingir a liderança maior do capitalismo, no caso, os Estados Unidos, são os fascistas, agrupados no fundamentalismo islâmico, representados, principalmente pelo Talibã, Síria e Irã.
            Isso é deveras assustador! O racional é a proposição de substituir o capitalismo exaurido, por uma nova ordem econômica e social, condizente com os interesses gerais da humanidade. Ou melhor, substituir esse sistema por uma nova ordem socioeconômica, o socialismo, e nunca substituí-lo pelo fascismo que move o fundamentalismo islâmico. Esses fundamentalistas chegam a ser vistos, com bons olhos por uma certa esquerda mal informada e impotente. O triunfo do fascismo nos levaria àquilo que Karl Marx se referiu como o “apodrecimento da história”, e isso seria um imensurável desastre para a raça humana.
            Convém ressaltar que, se existe uma real crise do sistema vigente, existe também uma crise bem maior do movimento socialista. Isso, tanto na teoria, quanto nos seus encaminhamentos. A derrota da revolução socialista, em nível mundial, na década de vinte,  do século passado, trouxe como produto o stalinismo, e ele levou a cabo, com muito êxito,  a criminosa tarefa de capitanear o movimento socialista para sucessivas derrotas. Induziu uma massa imensa de pessoas a considerar que, ao invés de classe opressora e classe oprimida, deveria-se acreditar que existiam nações opressoras versus nações oprimidas como contradição maior da História.
             Através da funesta Academia de Ciências da URSS e de seus pervertidos manuais, construiu-se um profundo atraso, daquilo que seria um movimento socialista, um movimento anticapitalista. Dessa forma, vivemos hoje o momento mais terrível e mais profundo desse quadro de derrota, a tal nível que, podemos dizer, sem titubear, que a crise do socialismo é bem maior do que a crise que afeta o capitalismo, e isso é muito grave, gravíssimo mesmo, tendo em vista os interesses essenciais da humanidade.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Solução




Em determinado momento, Karl Marx afirmou: “Não existem, na História, problemas que ela não possa resolver”. Isso é uma verdade, porém, devemos ter bem claro o conceito de resolver, o conceito de solução. Usando um exemplo extremo, podemos dizer que diante de uma dor de dente, podemos, como solução, disparar um tiro no ouvido. É evidente que a dor de dente deixou de existir, entretanto, não consideramos essa solução a mais feliz.

            Dessa forma, é que devemos ter em conta que o capitalismo produz uma situação de crise, a tal nível que haverá de ser resolvida, seja pela superação e a construção de uma nova ordem econômica e social, o socialismo, ou seja pela tragédia total que leve ao fim da própria raça humana. Vemos que ambas as hipóteses se enquadram na colocação feita de que, a História não se expõe problemas que não possa resolver, como costumava declamar o “nosso” intelectual marxista-leninista-trotskista, imaginando que solução tem como único conteúdo uma natureza positiva, e isso não é verdade.

            O mesmo raciocínio se aplica a expressão mudança. Ora, mudar é uma condição permanente da própria existência. Tudo existe em movimento, tudo existe em constante mudança. Porém, nem toda mudança é interessante, é louvável. Mudar de uma casa confortável para uma tapera, não pode ser considerada uma boa mudança. Então, torna-se necessário que acoplemos à palavra mudança, alguma colocação esclarecedora do que realmente pretendemos.

            É um equívoco, apesar de poético, se afirmar: “Nada é impossível de mudar”. Não é que a afirmação não tenha procedência, muito pelo contrário, mas nosso objetivo maior não é simplesmente o de promover mudanças. Do ponto de vista econômico e social, o capitalismo pode nos oferecer um leque enorme de mudanças formais, sejam elas positivas como propõem os reformistas, sejam elas negativas, como ocorre nos momentos de crise. Por sua vez, existe a mudança que extrapola os limites estritamente formais, produzindo, essencialmente, uma nova realidade. Uma mudança de qualidade, a que chamamos de revolução, é que deverá ser este o nosso propósito, pois somente ela poderá arrancar a humanidade do desfecho trágico para o qual o capitalismo nos arrasta.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Riso envergonhado




              A esquerda direitosa mal esconde o seu riso envergonhado, de satisfação, diante do episódio ocorrido em Boston, nos EUA. Tendo abandonado o princípio da luta de classes e aderido à postulação, nações opressoras versus nações oprimidas, caiu no reducionismo.
              Expliquemos. O imperialismo, como fase superior do capitalismo, não se atém a nenhuma fronteira. Ele é transnacional e se apresenta sob algumas roupagens, como o imperialismo inglês, alemão, francês, canadense, japonês, norte americano... Entretanto, os auto-proclamados “marxistas-leninistas” abandonaram a visão transnacional do fenômeno do imperialismo para reduzí-lo, unicamente, ao norte-americano.
              É verdade que os ianques jogam o papel de polícia mundial, em defesa da ordem sócioeconômica vigente, como fôra antes desempenhado pelos ingleses. Em decorrência dos  desvios conceituais, a esquerda stalinista, tornou-se apenas antiamericana, sem entender  que ser antiamericano não é ser anticapitalista, mas ser anticapitalista é ser anti-imperialista no seu sentido exato.
              Derrotada e prostrada, essa “esquerda” nutre-se de migalhas , sempre na perspectiva nacionalista, pois não entende que devemos nos opor ao imperialismo na perspectiva do socialismo. Não bastasse o seu estreito antiamericanismo, alimenta sentimentos de rancor e,  impotente para o confronto com o imperialismo se sente vingada, com as ações do fascismo islâmico, cujas expressões são o Talibã, o Irã, a  Al Qaeda e outros grupos fundamentalistas.
              Não é de bom alvitre opormos ao imperialismo democrático, o fascismo. É claro, que nos países onde reina o Estado Democrático de Direito, goza-se de liberdades, pratica-se o livre debate, o que não ocorre nos países autocráticos em relação a liberdade de expressão e de organização política, para não falarmos na condição da mulher e do homossexuais.
              O Estado Democrático de Direito, é de fato um Estado Democrático de DireitA, pois o seu objetivo é a manutenção do capitalismo e já foi dito, que a mais democrática república burguesa, esconde, por trás de si, a ditadura do capital sobre o trabalho. Entretanto, é inconsequente ter na Al Qaeda, em Bin Laden, nos Aitolás, nossas referências políticas.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Mandante e pistoleiro




            No nordeste brasileiro, dão-se os crimes de pistolagem. Por vários motivos, algum ricaço que pretenda efetuar a execução de um desafeto, procura os serviços de um matador de aluguel (pistoleiro) para fazê-lo. Quando ocorre ser descoberto quem executou o crime de morte, acontece ser o executante, o pistoleiro, o alvo dos rigores da “justiça”.            O mandante fica de fora.  Dessa forma, ele se resguarda, enquanto o pistoleiro é demonizado. Não se pretende dizer que o matador de aluguel, deva ser isentado de culpa. Porém, achamos injusto que aquele executante, disposto a sujar suas mãos, venha ocultar aquele que, respaldado pelo dinheiro, ensejou o crime, conservando suas “mãos limpas”.
            Há um paralelo entre o mandante do crime de pistolagem e a burguesia, no que diz respeito ao golpe de Estado de 1964 no Brasil. Quando se diz que o referido golpe de Estado foi militar, põe-se fora do alcance o mandante e se atribui àquele que foi mandado, ao militar, toda a responsabilidade pelo ocorrido. Caso não saibamos, é necessário dizer que as Forças Armadas, se constituem em peça de sustentação do capitalismo. Esses militares, são treinados para intervir em momentos mais agudos de ameaça à ordem socioeconômica vigente, e sempre o faz em nome da pátria. É necessário que se diga que as tropas, treinadas e disciplinadas, são sempre subalternas, qual o pistoleiro. Elas só se põem em movimento quando falta a classe burguesa os meios pacíficos para se manter no poder.
            Dessa maneira, os militares, a serviço do capitalismo, dispõem-se a fazer o trabalho sujo, como se viu aqui no Brasil, durante todo o tempo do estado de exceção, da ditadura, prestando-se às práticas mais repulsivas de repressão. Isso não se deu somente no Brasil. Na Argentina, a burguesia ameaçada, lançou mão das “gloriosas” Forças Armadas daquele país para perpetrar o seu golpe de Estado e implementar uma sórdida política repressiva, causando a morte e o desaparecimento de milhares e milhares de militantes. No Chile, teve-se a ditadura, capitaneada pelo general Augusto Pinochet.
            Esses e outros fatos deixam claro o papel dos militares. Recorrendo-se à imagem que fizemos, não seria demais dizer que a burguesia, como mandante, manteve as mãos limpas, enquanto os militares exerceram o papel dos pistoleiros, encharcando as mãos no trabalho sujo, prendendo, matando, torturando, censurando atividade jornalística e cultural, tudo em defesa da ordem socioeconômica em curso.
            Assim, conclui-se que é um trabalho de deseducação política, aceitarmos a afirmação de que houve no Brasil um golpe militar. O que houve, de fato, foi um golpe contrarrevolucionário, de caráter bonapartista. Devemos repelir, portanto, essa manobra, tão do interesse da burguesia em não revelar o verdadeiro conteúdo de classe do aludido episódio.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Ele traiu a quadrilha?




            O atual ministro do Supremo Tribunal Federal – STF, Luiz Fux, foi acusado pelo ex-ministro e hoje apenas sinistro José Dirceu, de ter se comprometido em absolvê-lo no processo criminal em que Dirceu é acusado de coordenar uma quadrilha, chamada de “mensaleiros”.
            Nomeado ministro do STF pelas mãos dos petistas, Fux votou pela condenação dos responsáveis pelo mensalão, ao contrário do ministro Dias Toffoli, que também nomeado pelo PT, votou pela absolvição de Zé Dirceu e de outros envolvidos. Em função desses fatos, Luiz Fux vem sendo acusado de traidor. Cabe aí uma pergunta: A quem ele traiu? Traiu a quadrilha dos mensaleiros? Queriam eles, que o ministro traísse as provas dos autos? Eis algumas questões que precisam ser respondidas, sem que essas observações isentem de culpa algum pretendido deslize do senhor Fux em sua campanha para o STF.
            A bem da verdade, os delinquentes petistas envolvidos no escândalo do mensalão, José Dirceu, José Genuíno, Delúbio Soares, João Paulo, contavam com a impunidade frente aos crimes por eles praticados. Afinal, pensavam eles, Lula e Dilma haviam nomeado a maioria dos ministros que compõem o STF e bastava que Lula da Silva tomasse a iniciativa de abordá-los e a impunidade estaria assegurada.
            Procurado pelo ex-presidente Lula, o ministro Gilmar Mendes viu-se diante de uma chantagem, no sentido de portar-se como partidário da absolvição sob pena de que o seu nome fosse envolvido em algum episódio, como partícipe de algum ilícito. Diante disso, o ministro Gilmar Mendes não deixou-se intimidar pela chantagem lulista e resolveu denunciar publicamente, essa tentativa inescrupulosa de assédio e cambalacho.
            O encontro de Lula com o ministro Gilmar Mendes, deu-se nas dependências do escritório do ex-ministro Nelson Jobim, aquele que fora Ministro da Defesa, no governo petista, e a denúncia do fato talvez tenha servido para inibir a jornada da impunidade, capitaneada pelo citado ex-presidente.
            É provável que o sinistro José Dirceu, quando em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, disse que Luiz Fux o procurou quando em campanha para ser nomeado ministro do STF com propostas de absolvição, tenha tido a intenção de conturbar o julgamento do mensalão em sua reta final e isso faz vir à luz o submundo infestado de trapaças, o submundo do capitalismo. 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ato de vontade?




         Está presente na cabeça das pessoas letradas e iletradas, que governar é um ato de vontade. É muito comum ouvirmos alguém dizer: “se eu fosse presidente, acabaria com o analfabetismo”, ou então dizer: “O governo precisa dar um ponto final na violência”. Assim se sucedem os inúmeros discursos, manifestando a opinião de que governar é um ato de vontade, um ato de livre querer.
         Seguindo esse raciocínio, bastaria querer e o governante poderia eliminar as diversas mazelas sociais. No Estado do Ceará, tivemos um exemplo bastante significativo, quando o sr. Ciro Gomes, eleito então governador do Estado, prometeu fazer uma “Revolução na Educação”. Em consonância com esse propósito, ele buscou realizar um inventário, esclarecendo quantos educadores existiam, naquele momento, na rede de ensino estadual.
         Essa tentativa do então governador, mostrou-se completamente inviável, pois contra um possível recenseamento, ergueram-se as corporações, os sindicatos dos professores que, fazendo uso de todos os recursos possíveis, inviabilizaram a pretendida intenção do sr. Ciro em revelar quantos educadores existiam em sala de aula e quantos estariam presos às malhas burocráticas.
          O levantamento pretendido seria o passo inicial para a sua “revolução na educação”, entretanto, o governador não teve poder de realizar esse intento. Trata-se apenas de um exemplo, mas sucessivos são os fatos que deixam claro, e bastante claro, que governar é, antes de tudo, um ato de poder e nunca um ato de vontade.
         Para reforçar o que se está dizendo, aí estão as inúmeras aberrações que dão sustentação ao nosso argumento. Por conveniências, nem sempre nobres, é que o governo da República nomeia pessoas de comportamento fisiológico para alguns Ministérios e chega a apoiar o fato de um representante da “Moto Serra de Ouro”, promotor de criminosos desmatamentos, como é o caso do senador mato-grossense Blairo Maggi, venha ocupar no Senado a presidência da Comissão do Meio Ambiente.
         Esses fatos, junto a outros tantos, desnudam o caráter subalterno dos governos, que se curvam aos interesses dos diversos grupos capitalistas. Essa subalternidade, deixa claro que governo e poder são coisas bastante distintas. O poder é o Estado e governos são apenas governos, que vão e vêm!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A serviço das “elites”




            Os dirigentes do Partido dos Trabalhadores, em tempo bastante recente, vociferavam contra as “elites”. A rejeição aos políticos que representavam os interesses dessas “elites” era sumário, não havendo a menor possibilidade de aproximações e, muito menos, de alianças. Esse ímpeto político, fazia com que o velho PT não só se negasse a participar, em 1984, do Colégio Eleitoral, por julgá-lo espúrio, como também não se propunha a qualquer entendimento com o velho PMDB de perfil ideológico, pois os seus representantes eram tidos como militantes na defesa  dos abomináveis interesses das “elites”.
            Depois do PT, capitaneado por Lula e José Dirceu, tornar pública a “Carta ao Povo Brasileiro”, onde selava a sua adesão às linhas mestras do Plano Real e assegurando que o grande capital, nacional e internacional, poderia ficar tranquilo, pois a possível vitória de Lula da Silva não haveria de ferir os seus interesses. Lula, presidente, cumpriu a sua promessa de servir aos interesses da burguesia, ou seja, das tão demonizadas “elites”. Para isso, não teve o menor escrúpulo em estabelecer íntima aliança com o que existia de mais pútrido na história da República. Foi com os elementos mais identificados com o fisiologismo e a corrupção, que o seu governo se irmanou. Terminado o seu mandato, o agora, ex-presidente, em troca de fartos ganhos, desempenha o papel de caixeiro viajante, em busca de bons negócios para capitalistas brasileiros.
            É sempre repetido o discurso da burguesia, dizendo que os seus interesses privados são os interesses do Brasil. É em nome, então, do Brasil, que Lula diz costurar bons negócios para ricas empresas, destacando-se entre elas, a empreiteira Odebrecht, que não só financia as andanças do ex-presidente, como lhe proporciona viagens, inclusive através de seus jatinhos no cumprimento de sua “sagrada e patriótica missão”.
            Em nome da verdade, devemos refutar esse discurso de que os negócios privados, levados a cabo através da participação da figura do ex-presidente, mundo afora, seja feita em nome da “pátria amada”. Devemos ter claro que, no capitalismo, pátria e patrão são figuras simbióticas. Pátria é uma expressão sempre usada para esconder interesses escusos, interesses imorais, como as guerras, por exemplo. Lula deveria ter outros meios de ganhar a vida com honradez e nunca jogar tão triste papel.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A velha e nova direita




         Caso tomemos o capitalismo como ponto de referência, e considerando serem os defensores desse sistema socioeconômico, pessoas politicamente de direita, enquanto os que a ele se opõem, como de esquerda, teremos uma forma mais rigorosa de usar os conceitos: esquerda e direita.
            Nas circunstâncias políticas atuais, há um empenho, por parte dos interessados, em defender uma falsa dicotomia, dizendo ser de direita os que postulam, no âmbito do capitalismo, o neoliberalismo como política econômica. Por sua vez, seriam de esquerda aqueles que se colocam como defensores do nacional-desenvolvimentismo, também nos limites do capitalismo.
            Vemos o inconteste fato de que as ambas correntes não ultrapassam as fronteiras da ordem socioeconômica vigente. Trata-se, pois, de correntes de direita, pois nenhuma delas duas, coloca-se como anticapitalista. A corrente nacional-desenvolvimentista, com algumas pinceladas de natureza nacionalista, se autodenomina, indevidamente, como de esquerda. Ora, se considerarmos a nossa referência como justa, teremos também, como de direita, os que pretendem, tão somente, um capitalismo de face humana e assim vamos concluir serem esses senhores, nacional-desenvolvimentistas, nada além de uma nova direita.
            É nosso dever, enquanto socialistas revolucionários, repudiarmos toda e qualquer distorção conceitual que nos leve a “comprar gato por lebre”. A História exige que nós sepultemos esse e tantos desvios conceituais. É preciso dizer e repetir até a exaustão, que um pretenso gradualismo não nos levará, jamais, a conquista da emancipação dos explorados e oprimidos, dos grilhões desse sistema cruel e predatório que se orienta, unicamente, pela perseguição desvairada do lucro para uns poucos.
            Faz-se necessário e urgente que nos ergamos em oposição aos descaminhos que tomaram os movimentos socialistas, regra geral, até se chegar ao ponto de assistirmos que seja praticado, em nome dele, as mais iníquas posições políticas, as mais cruéis deformações. Faz-se necessário, portanto, que retomemos os princípios fundamentais do socialismo científico e joguemos na lata do lixo da História as tagarelices reformistas e conciliadoras, sob o argumento de que o mundo mudou, sem considerar o caráter qualitativo, ou não, da mudança.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Neoliberalismo. O Inimigo?




            Tentemos clarear o significado da expressão neoliberalismo. A primeira fase do capitalismo foi a do livre comércio, da livre iniciativa, quando tudo se resolvia a partir das leis do mercado. Naquele momento, o liberalismo econômico tinha um caráter progressista, pois o mercado bloqueava ou estimulava as iniciativas recorrendo ao critério do mérito competitivo. Hoje, na fase avançada do imperialismo, a proposta de um novo liberalismo, calcada no mercado, mostra-se equivocada, pois diferentemente do que fora o velho liberalismo, hoje a economia é marcada pela presença substancial dos monopólios e isso inviabiliza qualquer pretensão de liberdade econômica.
            É oportuno ressaltar que o neoliberalismo é uma proposta de política econômica nos marcos do capitalismo. Entretanto, busca-se eleger essa política econômica como o inimigo principal, opondo a ela, no Brasil, uma pretensa política nacional-desenvolvimentista. Ou seja, uma outra política econômica nos mesmos limites capitalistas. Vemos pois, que tanto o neoliberalismo, quanto o nacional-desenvolvimentismo, são linhas de políticas econômicas, cujo princípio basilar  é a pretensão de encontrar meios de perpetuar a ordem econômica e social vigente.
            Ora, quando se elege o neoliberalismo como o inimigo principal, deixa-se de ver, que o inimigo real é o próprio sistema capitalista. Até pode-se considerar que a política neoliberal é possuída de um maior teor de crueldade no trato das questões sociais, quando prioriza o mercado, entretanto, não podemos admitir existir uma política de gerenciamento do capitalismo que o torne humanizado.
            Essa dicotomia, neoliberalismo versus nacional-desenvolvimentismo, esconde o essencial que é o antagonismo entre capital e trabalho, deixando patente o quão nocivo, pois enganoso, são as proposições e os discursos dessa direita travestida de esquerda que não se dispõe a levantar a bandeira do anticapitalismo, como se há de esperar, porque alguns deles, se declaram trabalhistas, socialistas e até comunistas.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

PALESTINOS E JUDEUS




            É um absurdo, mas é fato, que o conceito de classe opressora e classe oprimida, tenha cedido lugar ao enganoso conceito de nação opressora e nação oprimida. Tal criminoso feito é obra do conluio do imperialismo burguês com o stalinismo contrarrevolucionário. A convergência de interesses históricos entre essas duas partes, produziu essa funesta distorção.
            Expliquemos: a burguesia, por razões óbvias, nunca aprovou a afirmação de que a História da humanidade, foi movida pela luta de classes. Por sua vez, a burocracia stalinista, particularmente a burocracia soviética, incrustada no aparelho de Estado, não tinha interesse em fazer avançar a revolução socialista e, premida por interesses escusos, tratou de substituir o princípio da luta de classes por presumidas lutas nacionais. Dizemos mais, a burocracia stalinista pretendia viabilizar o congelamento da História, dividindo o mundo em áreas de influência. Dessa forma, prosperou tanto o nefasto nacionalismo, como o conceito de nação como categoria política, de forma a se pretender obscurecer os conflitos irreconciliáveis entre classes sociais, com objetivos e interesses antagônicos.
            Quando se fala no litígio entre palestinos e judeus, pretende-se circunscrever os seus conflitos, no estreito limite de lutas raciais. Nem a direita explícita, nem a direita simulada e travestida de esquerda, assume o discurso de que existem entre os palestinos diferentes classes, o mesmo acontecendo entre os judeus.
            Assim sendo, ao invés de se propor uma aliança entre os trabalhadores palestinos e judeus, o que se observa é a aceitação da proposta de dois povos, dois estados que, sem dúvida é uma boa proposta, entretanto, nos limites do capitalismo. Acontece, porém, que a nós, socialistas revolucionários, o objetivo maior não é sanar as profundas disputas entre palestinos e judeus, construindo Estados capitalistas, mas sim, buscar a conquista da superação do próprio capitalismo, por via da negação de sua ordem econômica e social. Repudiamos assim, toda e qualquer colocação que se apóie no conceito nacional, abstraindo o caráter de classe da sociedade.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Enxurrada de títulos




         Temos repetido, que a escola, enquanto instituição, surgiu há cerca de dez mil anos, com o advento da propriedade privada e a consequente divisão da sociedade em classes e camadas sociais. A escola nasce com dois objetivos fundamentais: o primeiro deles é preparar mão de obra qualificada para servir aos interesses da classe dominante; o segundo objetivo, é criar quadros que representem e defendam a ideologia que consagra a propriedade privada como legítima e irrevogável.
            Hoje, em pleno século XXI, como costumam falar os que imaginam ser o tempo um fator político e histórico, não percebendo que se trata apenas de uma convenção, a escola mantém como traço fundamental, os dois objetivos aludidos, pouco importando se se trata de uma escola pública ou privada.
            Ultimamente, temos assistido a uma escalada desenfreada de criação de cursos universitários em todos os recantos. Fiel ao propósito primeiro de formar mão de obra especializada e, portanto, de maior valorização no mercado de trabalho, sucedem-se as ofertas de cursos superiores que pretendem habilitar os seus discípulos para uma melhor disputa de empregos. A avalanche universitária tem sido tanta, que se observa uma verdadeira enxurrada de títulos conferidos a uma imensa legião de pessoas. São os bacharéis, os licenciados, os mestres, os doutores, os pós-doutores e os pós-pós-doutores.
            Essas titulações marcadas por leviandades e até mesmo por severos rasgos de irresponsabilidade, têm assumido um caráter de verdadeira inundação de títulos. Além da banalização, chega-se ao cúmulo de atribuir classificação acadêmica a pessoas que não a merecem, levando a graves distorções. Para  ilustrar, basta que nos reportemos ao caso dos bacharéis de direito que não logram aprovação na OAB.
            O procedimento, de conferir massivamente diplomas em vários níveis, tanto peca pelo seu caráter mercantilista, como cria uma dificuldade concreta para que os titulados dêem-se conta do seu real baixo nível de conhecimento e, assim, não se proponham a aprender tudo aquilo que lhes falta, tudo aquilo que as universidades não puderam e não poderiam dar.