quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Coito interrompido



Coito interrompido

            Conversando com um militante socialista, defendi a velha tese, ou melhor, o velho princípio socialista, de que não deveríamos assumir nenhum cargo executivo no capitalismo, fosse Presidente da República, Governador do Estado, Prefeito Municipal, ministérios, secretarias ou autarquias. Não deveríamos assumir cargos executivos por entender que esses cargos representam o Estado e o Estado, no capitalismo, é o exercício do poder político da burguesia. Diante dessa colocação, que não é original, pois ela foi esposada por Rosa Luxemburgo nos idos de 1903, o referido militante ironizou afirmando que essa postura correspondia a um “coito interrompido”.
            Para efeito didático, admitamos que o propósito de uma relação sexual seja a procriação. Nem o coito interrompido, nem tampouco o sexo solitário, levariam a conquistar o objetivo almejado. Dessa mesma forma, buscar a conquista de cargos executivos, nunca levou e nem levará, a nenhum tipo de avanço caso nosso objetivo seja a conquista de uma nova ordem econômica e social. Muito pelo contrário, as “vitórias” tipo Salvador Allende, no Chile, Jacó Arbens, na Guatemala, Largo Caballero, na Espanha, Sukarno, na Indonésia, Leon Blum, na França, não representaram avanços, mas contribuíram para a ascensão de governos fascistas.
            As presumidas vitórias eleitorais a cargos executivos muito se assemelham ao sexo solitário, traz efêmeras alegrias sem consequências positivas, quando não consequências totalmente adversas como a história tem se encarregado de demonstrar fartamente.
Aos socialistas, aos revolucionários, portanto, não cabe construir fantasias e alimentar ilusões. É preciso deixar bastante claro que devemos participar dos processos eleitorais. Devemos, no entanto, saber que nesses processos não estará em disputa o poder, mas, simplesmente, eventuais governos e, como a essência do problema é a questão do poder, não devemos atribuir às eleições o caminho para a construção do verdadeiro poder popular. Não podemos comprar ou vender gato por lebre.

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