“OS CLÁSSICOS”
Uma certa companheira, de pouco
juízo e visão limitada, sempre se dirige a nós, caepistas, dizendo: “gente, vamos para os clássicos”. Isso é dito
em função do CAEP produzir cartilhas em estrito respeito aos princípios do socialismo
com a preocupação de torná-lo acessível às camadas populares, particularmente,
a juventude.
Quando essa cidadã fala dos
clássicos, está querendo se referir a Marx, Engels, Kautsky, Rosa Luxemburgo, Plekhanov,
Lenine, Leon Trotsky e outros poucos luminares do socialismo. Não sabe, essa
pobre garota, que os clássicos sempre estiveram ao alcance de todos, nesses últimos
noventa anos de hegemonia do stalinismo-trotskysmo. Esse fato nunca impediu que
milhares e milhares de militantes lessem no clássico Manifesto Comunista que o “proletariado
não tem pátria” e após fervorosa e contrita leitura proclamasse palavras de
ordem do tipo: “pátria ou morte venceremos”, “ou ficar a pátria livre ou morrer
pelo Brasil”, e outras tagarelices que estão frontalmente em desacordo com os
mestres.
No citado Manifesto Comunista, é
dito de forma clara que a obra de libertação dos trabalhadores será obra dos
próprios trabalhadores e isso não impediu, nem impede que um número incontável
de militantes proponham um partido da revolução. Aquele que haverá de libertar
o povo das garras da opressão.
O grande clássico da literatura socialista “O
Papel do Individuo na História”, de George Plekanov, não impediu que o sr. Leon
Trotsky considerasse que os descaminhos da História, após a Revolução Russa, deviam-se
ao papel traidor de Josef Stalin e seus comparsas, chegando ao cúmulo de
imaginar que o fato de ele não ter podido chegar a tempo ao enterro de Vladimir
Lenine, foi uma das causas da mudança dos rumos da História.
Por sua vez, são incontáveis os que
lêem o clássico “O Estado e a Revolução” de Vladimir Lenine, entretanto, na sua
militância, não se dão conta do caráter de classe do Estado e não enxergam que
ele é o poder, e que ele necessita ser totalmente desconstruído para dar lugar
ao poder popular.
A leitura dos clássicos também não evitou que
chegássemos a esse quadro de prostração e indigência política, pois a leitura
sem o livre debate e despido de preconceitos, não será suficiente para que nos
habilitemos a jogar o papel político que a História reclama. O fenômeno do
stalinismo como produto da derrota da revolução socialista, em escala mundial, não
foi uma experiência vivida pelos referidos mestres, exceto Lenine, Trotsky e
Kautsky, e os intelectuais do período stalinista, regra geral, se curvaram às
infâmias cometidas em nome do socialismo.
A Academia de Ciência da URSS
encarregou-se de sepultar o socialismo cientifico substituindo os seus
princípios por dogmas. Assim é que, o stalinismo impôs a substituição do
principio classe opressora versus classe oprimida por nação opressora
versus nação oprimida, o que respaldou o nacionalismo e levou a esquerda, mesmo
lendo os clássicos, a substituir a luta anticapitalista pelo reles antiamericanismo.
Não entendem eles, apesar da leitura dos clássicos, que ser antiamericano não
implica em ser anticapitalista, mas ser anticapitalista implica em ser
antiamericano e anti toda forma de opressão.
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