sexta-feira, 14 de março de 2014

Capitalismo? Não.



Capitalismo? Não.


Há um segmento da esquerda, que se coloca no campo de uma presumida corrente revolucionária. Esses militantes se definem como anticapitalistas e, assim se posicionam quando, diante de quatro paredes, evitam explicitar essa posição em suas intervenções públicas. Em público, ao invés de pronunciar o seu presumido anticapitalismo, de forma clara e direta, esses companheiros derivam para a poesia, tão bela quanto, compreensivelmente, equivocada.

Tomemos, como exemplo, a frase estampada em suas camisetas: “Nada é impossível de mudar”. Politicamente, essa afirmação comete dois graves erros. O primeiro deles é de que, na verdade, tudo muda constantemente. O segundo é o próprio conceito de mudança. Mudanças podem ser para melhor ou para pior. Elas podem ser uma mudança meramente formal ou uma mudança substancial, de qualidade.

Por sua vez, o segmento político referido anuncia, como perfil de uma campanha eleitoral, o fato de se reger por um binômio: “a ética e a sustentabilidade” e, isso, se encaixa muito bem nas postulações de Marina da Silva e nunca em uma posição realmente socialista, pois essa tem, como fundamento básico, o anticapitalismo explícito, claro, sem nenhum contorcionismo.

Mas por que agem assim esses companheiros? Encravados no seio da classe média, onde cultivam o seu eleitorado, eles temem assustar a seus eleitores com um discurso de caráter revolucionário. Assim sendo, procuram navegar, através da poesia e da ambiguidade, reservando o seu anticapitalismo para os espaços restritos, como já assinalamos.

Infelizmente, essa posição é de natureza bastante oportunista. É uma manobra “tática”, possuída de uma dose total de esperteza, que lhes rende votos e lhes reserva lugar nos umbrais do parlamento, em prejuízo real da causa socialista.

Não tratamos de uma questão menor, quando apontamos esses desvios. Sabemos o quanto necessário e urgente é a tarefa de desnudar o capitalismo diante dos olhos do povo e a atitude de escamotear só contribui para a manutenção do capitalismo. Isso precisa ser revisto.

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