sexta-feira, 18 de abril de 2014

A miséria assistida

A
miséria assistida
Gilvan
Rocha

           
uma diferença abissal entre marxistas e cristãos, diante da pobreza e da
miséria. Enquanto os cristãos buscam administrar a miséria, promovendo
campanhas assistencialistas que tornem a vida dos deserdados menos cruel, os
marxistas têm como proposta a erradicação da pobreza e da miséria atacando a
causa. Os cristãos, por mais de dois milênios, levam a cabo várias campanhas do
tipo: a sopinha dos pobres, cobertor para os desvalidos diante do impiedoso
frio, albergue para os desamparados e outras iniciativas do gênero que, se
servem para minorar o sofrimento imediato de uma pequena parcela da população
carente, servem muito mais para assegurar às almas caridosas, uma compensação
na “vida eterna”.
            Os gestos caridosos dos cristãos têm
permitido que alguns deles galguem a posição de santos no reino celestial, numa
prova concreta de que investir na miséria, torna-se pelo prisma religioso, um
bom investimento para quem o pratica. Enquanto isso, os marxistas preocupam-se
com a desconstrução do sistema capitalista como causa da pobreza e da miséria.
Mas eles, os marxistas, não pretendem salvar o povo de suas agruras e, ao invés
de sopas, cobertores, albergues, preferem ministrar doses maciças de
conscientização, pois entendem que a humanidade só pode se livrar das chagas
sociais que se abatem sobre a pobreza e a miséria, quando a massa de explorados
e oprimidos tomar consciência de que seus sofrimentos só podem ser abolidos a
partir da ação libertadora dos próprios explorados.
            “A obra de libertação dos
trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” ou não haverá libertação. A
postura do petismo e de outros demagogos vai no sentido de buscar administrar a
pobreza e a miséria e dela tirar dividendos políticos, como é o caso da
campanha Bolsa Família. Daí, a indecente colocação dos candidatos petistas que
se propõem, demagogicamente, ”cuidar do povo como Lula ensinou”. Isso é
sumamente imoral, e é assustador que essa posição política, de caráter
demagógico e paternalista,  seja assumida
por pessoas que no passado recente se reivindicavam socialistas
revolucionários.
             Essas questões e tantas outras têm que ser
refletidas, sob pena de nos afundarmos, como tem acontecido diante do discurso falacioso,
verbalizado pela esquerda direitosa, tão bem representada pelos partidos PT-PCdoB-PSB.

Fortaleza, 18 de
abril de 2014
Gilvan Rocha,
escritor socialista, articulista, Presidente do CAEP – Centro de Atividades e
Estudos Políticos e membro do CSL – CAEP.

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