quarta-feira, 14 de maio de 2014

A Causa e o Partido



A Causa e o Partido

                                                                                  Gilvan Rocha (*)

O que chamamos de causa é o objetivo que se pretende alcançar. Dessa forma teremos diversas “causas”. Tomemos o capitalismo como ponto de referência. Teremos, então, basicamente, dois projetos políticos, duas causas fundamentais: O primeiro estaria voltado para a conservação do próprio sistema e, o segundo, estaria empenhado em superá-lo, promovendo a transformação social. Ao primeiro projeto, chamamos de conservador. Ao segundo, é dispensada a denominação de revolucionário.
Essas correntes são dotadas de perfis diversos. Uma forma extremada, de postura contrarrevolucionária, observou-se com o nazifascismo e com o totalitarismo stalinista, assim como hoje temos o fundamentalismo islâmico. Ao lado desse direitismo exacerbado, temos a direita reformista, cujo lema é: Vamos reformar para conservar.
Da derrota política do movimento socialista em escala mundial nasceu o stalinismo, força relevante para a sobrevivência do capitalismo. Diz-se que o pior inimigo é o falso amigo, e o stalinismo, travestido de esquerda, prestou-se a garantir a estúpida sobrevivência da ordem vigente.
A “esquerda stalinista”, de diversos matizes, chegou ao absurdo de reduzir o conceito de revolução a partir da dicotomia: caminho pacífico (revisionista) e luta armada (revolucionário), o que expressa o grau de rebaixamento político que o stalinismo impôs durante seus longos anos de hegemonia.
Essencial é ter claro que toda causa política necessita de instrumentos para viabilizar-se e aí está a figura dos partidos, como ferramenta. Por definição, os instrumentos são subalternos à causa e, quando se fere esse princípio, se descamba para a prática burocrática com os seus desvios.
Assim sendo, partido nenhum, candidatura nenhuma, pode se converter no fim. São apenas meios e, quando se conflitam com a causa, ou se atira o instrumento ao lixo, ou haveremos de desservir aos nossos reais objetivos.
Desprovidas de sensatez são as comemorações de caquéticos partidos, ditos comunistas ou socialistas, festejando suas longas vidas. Por sua vez, é um despropósito nos centrarmos em candidaturas, julgando-as salvadoras da Pátria.

Fortaleza, 14 de maio de 2014.

Gilvan Rocha (*)
Presidente do CAEP -
Centro de Atividades e Estudos Políticos

Nenhum comentário:

Postar um comentário