E o da gasolina
Não teria idade para
andar me assustando com os escândalos do dia a dia. Temos procurado mostrar que
o processo de degradação, no sistema capitalista, é generalizado. Anos atrás, a
literatura socialista mostrava a classe burguesa como degradada, sem bons
sentimentos, possuída de angústia, tédio e incapacidade de amar. Ficou famoso o
filme “A doce vida”. Nessa película, para o degustar da intelectualidade “proletarizada”,
os ricos eram possuídos da indiferença, do tédio e de tantos outros sofrimentos
que amargam a existência, tornando-a tão insípida a ponto de se perder o gosto
de viver.
Por sua vez, a literatura “socialista”,
deformada, procurava pintar as massas proletárias alimentadas pelo gosto da
vida, na medida em que eram possuídas da certeza de que, um dia, haveria de surgir
um mundo de justiça, paz, harmonia e, sobretudo, amor.
Essa tagarelice, alimentada pelo
stalinismo e, até antes, como prova a afirmação de Engels quando disse que a
burguesia sentia o singular prazer em se cornearem, esqueciam que não existem
dois mundos diferentes, apesar de haver classes e camadas sociais distintas e
com motivações diversas.
Nessa campanha eleitoral que se
avizinha, chamou-me atenção um diálogo que tive com uma professora
universitária. Perguntei-lhe qual seria o seu candidato a vereador e ela, de
pronto, respondeu: “Meu candidato é o fulano, pois ele já me deu “o da gasolina”.
Pasmo, refleti: Para essa senhora pouco
importava se “o da gasolina” teria
provindo das falcatruas ou se fruto dos dólares da cueca, ou mesmo das mãos de
um traficante... Pouco lhe importava a origem; para ela, o importante era ter “o da gasolina” e a sua honrosa fidelidade seria cumprida com o
seu voto. Desse episódio e de milhões de tantos outros é que se fazem os
políticos bem “sucedidos” do tipo Paulo Maluf, Antonio Palocci, o deputado do
dólar na cueca, os bandidos do mensalão... É triste saber, mas a verdade é que
o capitalismo está podre e sua podridão alastra-se para todos os cantos. Fora o
capitalismo, viva a vida, enquanto é tempo.
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