segunda-feira, 5 de maio de 2014

E o da gasolina



E o da gasolina

            Não teria idade para andar me assustando com os escândalos do dia a dia. Temos procurado mostrar que o processo de degradação, no sistema capitalista, é generalizado. Anos atrás, a literatura socialista mostrava a classe burguesa como degradada, sem bons sentimentos, possuída de angústia, tédio e incapacidade de amar. Ficou famoso o filme “A doce vida”. Nessa película, para o degustar da intelectualidade “proletarizada”, os ricos eram possuídos da indiferença, do tédio e de tantos outros sofrimentos que amargam a existência, tornando-a tão insípida a ponto de se perder o gosto de viver.
             Por sua vez, a literatura “socialista”, deformada, procurava pintar as massas proletárias alimentadas pelo gosto da vida, na medida em que eram possuídas da certeza de que, um dia, haveria de surgir um mundo de justiça, paz, harmonia e, sobretudo, amor.
            Essa tagarelice, alimentada pelo stalinismo e, até antes, como prova a afirmação de Engels quando disse que a burguesia sentia o singular prazer em se cornearem, esqueciam que não existem dois mundos diferentes, apesar de haver classes e camadas sociais distintas e com motivações diversas.
            Nessa campanha eleitoral que se avizinha, chamou-me atenção um diálogo que tive com uma professora universitária. Perguntei-lhe qual seria o seu candidato a vereador e ela, de pronto, respondeu: “Meu candidato é o fulano, pois ele já me deu “o da gasolina”.
            Pasmo, refleti: Para essa senhora pouco importava se “o da gasolina” teria provindo das falcatruas ou se fruto dos dólares da cueca, ou mesmo das mãos de um traficante... Pouco lhe importava a origem; para ela, o importante era ter “o da gasolina” e a sua honrosa fidelidade seria cumprida com o seu voto. Desse episódio e de milhões de tantos outros é que se fazem os políticos bem “sucedidos” do tipo Paulo Maluf, Antonio Palocci, o deputado do dólar na cueca, os bandidos do mensalão... É triste saber, mas a verdade é que o capitalismo está podre e sua podridão alastra-se para todos os cantos. Fora o capitalismo, viva a vida, enquanto é tempo.

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