terça-feira, 15 de julho de 2014

“Grande patriota”



“Grande patriota”

O jornal “O POVO”, de Fortaleza, divulgou uma notícia de que o vereador do PSOL, desta cidade, João Alfredo, participou do féretro do grande guerreiro Plínio de Arruda Sampaio. Sobre essa figura, ele teria dito: “Morreu um grande patriota”. Prefiro acreditar que o jornalista tenha cometido um equívoco, pois João Alfredo conhece bem, e muito bem, como toda esquerda “marxista–leninista” e “marxista–leninista– trotskista”, a afirmação feita por Marx e Engels, em 1847/48, que “o proletariado não tem pátria”.

Essa assertiva foi homologada pela Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) e se transformou em um princípio universal. Não bastasse esse fato, temos repetido, exaustivamente, que as terras da pátria são do patrão; que as indústrias da pátria são do patrão; que as minas da pátria são do patrão; que os bancos da pátria são do patrão; que o grande comércio da pátria é do patrão; ou seja, a pátria é do patrão e é usada para esconder o caráter de classe da sociedade. Defender a pátria é defender o patrão. Ser patriota é ser defensor dos interesses da burguesia.

Repudiamos, portanto, essa distorção de caráter nacionalista, quando os partidos, movimentos ou pessoas se apresentam como legítimos patriotas, renegando o caráter internacionalista próprio do socialismo revolucionário. Foi justamente a substituição do princípio da contradição entre classe opressora e classe oprimida, por uma falsa contradição entre nações opressoras versus nações oprimidas, que ensejou o fortalecimento do capitalismo, na medida em que tirou de foco o caráter de classe da sociedade.

O ponto mais grave do rebaixamento teórico, promovido por essa colocação, tem sido justamente a produção de um antiamericanismo exacerbado e inconsequente. O antiamericanismo tem levado a situações extremamente extravagantes, quando uma certa esquerda chega a nutrir simpatias pelo fundamentalismo fascista dos muçulmanos. É verdade que pretendemos a derrota do imperialismo, mas a pretendemos através da vitória do socialismo.

Diante dessas considerações, preferimos ver o velho guerreiro Plínio como um ferrenho opositor do capitalismo e jamais como um mero patriota tão ao gosto burguês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário