Verde,
maduro e podre
O
Partido dos Trabalhadores completou 35 anos de seu reconhecimento quanto
partido institucional. Nasceu verdíssimo e como se diz que o verde é a cor da
esperança, naquela época, ele exalava esperanças por todos os poros.
Três
eram os esteios desse partido. O primeiro deles era o sindical. Era o mais
forte e o que inspirava maiores esperanças, calcadas na intuição e no instinto
de classe. Assim pensávamos.
O
segundo grande esteio na composição do Partido dos Trabalhadores eram as
chamadas CEB’s – Comunidades Eclesiais de Base, movimento apoiado na então
propalada Teologia da Libertação. A
tradição do cristianismo não é a de erradicar a pobreza. A isso ele nunca se
propôs; todo o seu pensamento poderia ser resumido na afirmação do padre
dominicano Regis Lebrê, quando dizia ser obrigação dos cristãos “empenharem-se
para que os ricos fossem menos ricos e os pobres menos pobres”. Não podemos
deixar de lembrar que a nossa Santa Madre Igreja teve um papel importantíssimo
no processo do golpe de Estado em 1964. A CNBB chegou, em documento oficial, a
agradecer os préstimos das “gloriosas Forças Armadas” que libertaram o Brasil
das garras sinistras do comunismo ateu.
O
terceiro esteio na formação do PT era o mais frágil, extremamente fracionado e
politicamente atrasado, confuso e prostrado diante da capitulação geral que se
avizinhava. Tratava-se de dezenas de grupelhos de origem “marxistas-leninistas-trotskistas”
ou, simplesmente, “marxistas-leninistas”. Esses grupelhos traziam consigo todos
os defeitos de nascedouro, eram grupos de matrizes stalinistas e, assim sendo,
não se cansavam de levar à prática um exacerbado monolitismo, uma absoluta
supressão do livre debate, a excludência do tipo “somos o povo escolhido de
Deus”, o aparelhismo como objetivo precípuo, fosse ele de estado, sindical ou
partidário, usando para os seus fins políticos a rasteira e a calúnia.
No
começo, a burguesia egressa dos anos de ditadura amedrontou-se com a possibilidade
da real implantação de um partido que representasse os interesses históricos
dos trabalhadores. Buscou de todas as formas inviabilizar essa proposta, fosse
pela via da confusão da legislação eleitoral ou pela via da intolerância e da
perseguição. Frustradas essas tentativas antipetistas levadas a cabo pela
direita troglodita, o seguimento burguês mais lúcido onde estavam incluídas
figuras como: Mario Covas, Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Fernando
Henrique, Teotônio Vilela e uns poucos outros, compreendeu, perfeitamente, que
“o leão era mansinho”, ou seja, o assustador Partido dos Trabalhadores – PT,
não era e não viria a ser uma organização de caráter anticapitalista como
temiam os menos avisados.
Além
da boa fé da imensa maioria dos que aderiram ao Partido dos Trabalhadores,
acreditava-se no refrão de que o PT seria um partido diferente. Ou noutro
momento, levou-se a sério a afirmação de Luis Inácio Lula da Silva de que o que faltava no Brasil era “vergonha na
cara”. Noutro instante o “salvador” proclamou que existia no congresso
nacional “mais de trezentos picaretas”.
Deixou de dizer, entretanto, que esses picaretas haveriam de ser os seus mais
sólidos aliados.
Lula
no governo veio provar que o “leão era realmente mansinho”. O seu governo
garantiu os maiores lucros para a burguesia, enquanto concedeu migalhas de
vantagens ao sofrido povo e transformou a massa de miseráveis, através do
programa Bolsa Família, num imenso colégio eleitoral, que bem lhe serviu para
reelegê-lo e eleger sua sucessora Dilma Rousseff.
A
cada concessão que fazia o governo Lula e seus apaniguados a burguesia exultava
e proclamava aos quatro quantos: “O PT já não é mais aquele partido verde, hoje
ele é maduro e totalmente confiável”.
Antes,
Lula e sua laia distanciavam-se dos PMDBistas de perfil ideológico como eram
Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Mario Covas, Teotônio
Vilela, como já citamos. Hoje, ao deixar de ser “maduro” para se tornar PODRE,
assumiu de público, sem nenhum recato, estreita aliança com o que existia e
existe de mais pútrido, mais picareta, mais fisiológico no cenário nacional.
É
nosso dever estabelecer a diferença entre os interesses imediatos do povo
trabalhador e seus interesses históricos. Os interesses imediatos consistem em
se defender da ganância desabrida de uma burguesia sempre famélica por vultosos
lucros. O defender-se, o buscar uma ou outra melhoria nas condições de vida é
uma tarefa de casa, de cada dia, das massas de trabalhadores. Outra coisa é
lutar pelos interesses históricos dessas massas. Outra coisa é quebrar as
algemas que prendem a humanidade à cruel dominação capitalista. O interesse
imediato, o interesse reformista reduz-se à busca da migalha, os interesses
históricos representam a busca da total liberdade.