sexta-feira, 26 de setembro de 2014

De armas na mão



                                         De armas na mão

A situação de atraso da “esquerda” levou a que se pensasse existirem duas posições em disputa. A tese do caminho pacífico para o socialismo era considerada revisionista e reformista. Do outro lado, os oponentes dessa tese imaginavam que ser revolucionário era se propor à luta armada, tão somente. 

Essa dualidade suscita vários esclarecimentos, dentre eles o de se ter a clareza de que uma posição nacional-reformista poderia ser defendida de armas na mão; como exemplo foram os grupos armados que confrontaram a ditadura. Ora, o nacional-reformismo nada tem de socialista, ou seja, nada tem de revolucionário. Não seria um fuzil que haveria de determinar o seu caráter “avançado”.

Os grupos da luta armada se colocavam numa posição blanquista. Isso quer dizer que, como o revolucionário francês Auguste Blanqui, eles imaginavam que um grupo de heróis fosse capaz de libertar o povo, esquecendo que a libertação dos trabalhadores deverá ser tarefa da própria classe, e nenhum partido ou grupo poderá substituí-la. Por outro lado, a proposta de Moscou em se chegar ao socialismo, por vias institucionais, foi responsável por desfechos muito mais sangrentos do que os da luta armada. Exemplo disso foram os golpes de Estado no Brasil, na Indonésia e no Chile, para citarmos os mais relevantes.

Uma abordagem sobre o caminho insurrecional que se propõe a enfrentar a violência do Estado burguês contra os interesses populares, não deve ser uma resolução, a priori, de partidos ou movimentos. Os caminhos de uma insurreição popular serão decididos pelos próprios insurretos, e tudo haverá de se dar conforme as circunstâncias, conforme a correlação de forças.

Somente a organização autônoma dos movimentos populares é que levará à verdadeira conquista de sua emancipação. Quando tuteladas, as experiências feitas, em nome do socialismo, redundaram no capitalismo de Estado, este de caráter totalitário, revogatório das conquistas históricas, trazidas pela democracia política, com direitos como o de ir e vir, de organização e de expressão. A revogação desses direitos redundou no totalitarismo, ou seja, no fascismo, que impõe um discurso único, um partido único, uma imprensa única e, infelizmente, isso foi feito em nome do socialismo, o que resultou no quadro que hoje vivemos, cuja expressão é a hegemonia absoluta do capitalismo imperialista e a ausência quase absoluta de movimentos anticapitalistas.

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